[Notícia] Transporte público e a candidatura do Rio
Enviado: 19 Mai 2009, 11:02
JB de Hoje.
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Transporte público e a candidatura do Rio
Marcus Quintella
engenheiro
Os dois quesitos mais importantes para o sucesso da candidatura do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016 são segurança pública e transporte público. Vou comentar um pouco sobre esse último, cujas dificuldades para a implementação de projetos sustentáveis e duradouros são notórias e cumulativas. Além disso, existe a histórica escassez de recursos para investimentos em infraestrutura de transporte público, que tem provocado uma acentuada redução da mobilidade urbana nas grandes cidades brasileiras, especialmente o Rio de Janeiro, que não é contemplado com novos projetos de transporte público há muito tempo.
Para ser indicada como sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, o Ministério dos Esportes precisa apresentar ao Comitê Olímpico Internacional (COI) um dossiê com as melhores opções de transporte público para a cidade do Rio de Janeiro. A palavra-chave para a vitória é legado, ou seja, os projetos devem ser consistentes, exequíveis, economicamente viáveis, integrados, socialmente justos e com grande vida útil, para que possam servir à população carioca por muitos e muitos anos.
Estamos no meio de 2009 e faltam apenas sete anos e meio para a época da Olimpíada de 2016, tempo suficiente para a execução de grandes projetos de transporte público, desde que sejam iniciados, no máximo, no começo de 2010. Cabe lembrar que o Rio de Janeiro ainda não conta com um sistema de transporte público de qualidade e terá que construir novos projetos e, ao mesmo tempo, melhorar e modernizar a infraestrutura atual para suportá-los.
Antes dos Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro sediará outros eventos internacionais importantes, como os V Jogos Mundiais Militares, em 2011, a Copa das Confederações, em 2013 e, provavelmente, a final da Copa do Mundo de futebol, em 2014. Esses eventos poderão servir como teste para os projetos olímpicos que estiverem prontos.
Quanto aos projetos que devem integrar o dossiê olímpico, entendo que as opções de transporte deverão atender às necessidades de longo prazo da cidade do Rio de Janeiro e estar de acordo com os planos de desenvolvimento viário do município. Os projetos devem priorizar os corredores Barra–Deodoro, Barra–Penha e Barra–Zona Sul, sempre privilegiando o transporte de massa para atender a demanda da população e dos espectadores dos Jogos Olímpicos. Entendo como transporte de massa as opções sobre trilhos, ou seja, trens, metrô e VLT, que, por definição, representarão um legado importante para a cidade, por longo tempo. Esses projetos sobre trilhos devem vir acompanhados por soluções para a infraestrutura viária e o trânsito da cidade, como sinalização moderna e controle de tráfego inteligente. Nos corredores com menor demanda, pode-se adotar o transporte sob pneus em faixas exclusivas, como o sistema Bus Rapid Transit (BRT). Em complemento, devem ser sugeridos projetos de transporte alimentadores desses corredores, sobre pneus, e o plano de reorganização do atual sistema de ônibus urbano da cidade.
O Rio de Janeiro precisa de um sistema de transporte público de verdade, há décadas, independentemente dos Jogos Olímpicos. Esse sistema deve ser competente, abrangente e integrado, com veículos, vias, terminais e todas as partes necessárias para proporcionar a mobilidade da população com segurança, conforto, velocidade e modicidade. Isso é um direito do cidadão e um dever do estado.
Por fim, vale a pena lembrar o fracasso do Pan 2007, no quesito do transporte público, que nenhum legado deixou para o Rio de Janeiro, a não ser as faixas coloridas pintadas nas principais vias da cidade e que servem para nada. Penso que a dimensão dos Jogos Olímpicos é muito maior do que os Jogos Pan-Americanos e as exigências do COI não devem ser desprezadas ou mitigadas. Agora não haverá espaço para erros, pois o negócio é sério e envolverá milhões de reais de dinheiro público, que devem ser aplicados para o sucesso da Olimpíada na cidade e ter como objetivo maior o legado de importantes benefícios sociais e de melhoria da qualidade de vida da população do Rio de Janeiro. Boa sorte, Cidade Maravilhosa!
Terça-feira, 19 de Maio de 2009 - 00:00
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Não faltam alertas para evitar o caos não só no Rio mas como em todas as capitais.
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Transporte público e a candidatura do Rio
Marcus Quintella
engenheiro
Os dois quesitos mais importantes para o sucesso da candidatura do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016 são segurança pública e transporte público. Vou comentar um pouco sobre esse último, cujas dificuldades para a implementação de projetos sustentáveis e duradouros são notórias e cumulativas. Além disso, existe a histórica escassez de recursos para investimentos em infraestrutura de transporte público, que tem provocado uma acentuada redução da mobilidade urbana nas grandes cidades brasileiras, especialmente o Rio de Janeiro, que não é contemplado com novos projetos de transporte público há muito tempo.
Para ser indicada como sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, o Ministério dos Esportes precisa apresentar ao Comitê Olímpico Internacional (COI) um dossiê com as melhores opções de transporte público para a cidade do Rio de Janeiro. A palavra-chave para a vitória é legado, ou seja, os projetos devem ser consistentes, exequíveis, economicamente viáveis, integrados, socialmente justos e com grande vida útil, para que possam servir à população carioca por muitos e muitos anos.
Estamos no meio de 2009 e faltam apenas sete anos e meio para a época da Olimpíada de 2016, tempo suficiente para a execução de grandes projetos de transporte público, desde que sejam iniciados, no máximo, no começo de 2010. Cabe lembrar que o Rio de Janeiro ainda não conta com um sistema de transporte público de qualidade e terá que construir novos projetos e, ao mesmo tempo, melhorar e modernizar a infraestrutura atual para suportá-los.
Antes dos Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro sediará outros eventos internacionais importantes, como os V Jogos Mundiais Militares, em 2011, a Copa das Confederações, em 2013 e, provavelmente, a final da Copa do Mundo de futebol, em 2014. Esses eventos poderão servir como teste para os projetos olímpicos que estiverem prontos.
Quanto aos projetos que devem integrar o dossiê olímpico, entendo que as opções de transporte deverão atender às necessidades de longo prazo da cidade do Rio de Janeiro e estar de acordo com os planos de desenvolvimento viário do município. Os projetos devem priorizar os corredores Barra–Deodoro, Barra–Penha e Barra–Zona Sul, sempre privilegiando o transporte de massa para atender a demanda da população e dos espectadores dos Jogos Olímpicos. Entendo como transporte de massa as opções sobre trilhos, ou seja, trens, metrô e VLT, que, por definição, representarão um legado importante para a cidade, por longo tempo. Esses projetos sobre trilhos devem vir acompanhados por soluções para a infraestrutura viária e o trânsito da cidade, como sinalização moderna e controle de tráfego inteligente. Nos corredores com menor demanda, pode-se adotar o transporte sob pneus em faixas exclusivas, como o sistema Bus Rapid Transit (BRT). Em complemento, devem ser sugeridos projetos de transporte alimentadores desses corredores, sobre pneus, e o plano de reorganização do atual sistema de ônibus urbano da cidade.
O Rio de Janeiro precisa de um sistema de transporte público de verdade, há décadas, independentemente dos Jogos Olímpicos. Esse sistema deve ser competente, abrangente e integrado, com veículos, vias, terminais e todas as partes necessárias para proporcionar a mobilidade da população com segurança, conforto, velocidade e modicidade. Isso é um direito do cidadão e um dever do estado.
Por fim, vale a pena lembrar o fracasso do Pan 2007, no quesito do transporte público, que nenhum legado deixou para o Rio de Janeiro, a não ser as faixas coloridas pintadas nas principais vias da cidade e que servem para nada. Penso que a dimensão dos Jogos Olímpicos é muito maior do que os Jogos Pan-Americanos e as exigências do COI não devem ser desprezadas ou mitigadas. Agora não haverá espaço para erros, pois o negócio é sério e envolverá milhões de reais de dinheiro público, que devem ser aplicados para o sucesso da Olimpíada na cidade e ter como objetivo maior o legado de importantes benefícios sociais e de melhoria da qualidade de vida da população do Rio de Janeiro. Boa sorte, Cidade Maravilhosa!
Terça-feira, 19 de Maio de 2009 - 00:00
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Não faltam alertas para evitar o caos não só no Rio mas como em todas as capitais.