Eletrificação E F Sorocabana

Discussões sobre transporte ferroviário brasileiro em geral.

Autor do tópico
Jorge Luis
MEMBRO PLENO
Mensagens: 577
Registrado em: 06 Mar 2009, 12:56

Eletrificação E F Sorocabana

Mensagem não lida por Jorge Luis » 22 Jan 2010, 20:11

• Região
Eletrificação trouxe desenvolvimento para Ourinhos
HISTÓRIA FERROVIÁRIA

As duas enormes locomotivas elétricas estacionadas na estação de Ourinhos é o que resta do período de maior investimento da Estrada de Ferro Sorocabana (EFS). No imaginário ficaram as máquinas a vapor, mas as elétricas são a testemunha do período de desenvolvimento da região. A eletrificação da ferrovia possibilitou a construção da usina Lucas Nogueira Garcez em Salto Grande. A EFS foi fundada em 1871 para ligar por via férrea as cidades de São Paulo e Sorocaba. O primeiro trecho da linha foi aberto em 1875, até Sorocaba. A linha-tronco se expandiu até 1922, quando atingiu Presidente Epitácio, nas margens do rio Paraná.
A EFS construiu vários ramais, e passou por trocas de donos e fusões: em 1892, foi fundida pelo governo com a Ytuana, na época à beira da falência. Em 1905, o governo vendeu a ferrovia para um grupo anglo-americano de Percival Farquhar — o mesmo empresário que construiu a Madeira-Mamoré e vilão na trama da minissérie Mad Maria.
Em 1919, o governo voltou a ser o dono da EFS, por causa da situação precária do grupo detentor. Os primeiros estudos datam de 1924 e 1939, segundo Antonio Augusto Gorni, responsável por um estudo disponível na internet.
Entre 1945 e 1957 a eletrificação se expandiu até Bernardino de Campos, na linha tronco.
O engenheiro Gaspar Ricardo — que recebeu homenagem com nome de rua em Ourinhos — recomendava a eletrificação em função da economia que o uso de eletricidade proporcionava em relação ao sistema antigo de máquinas movidas a vapor.
Guerra atrapalhou — O edital de concorrência para o primeiro trecho a ser eletrificado — 140 quilômetros em linha dupla, entre São Paulo e Santo Antônio (Iperó) — foi publicado em 27 de setembro de 1939. O início dos trabalhos se deu a 29 de fevereiro de 1940. A grave situação mundial, com a II Guerra na Europa, impede a participação de diversas firmas estrangeiras.
Na época foram registrados protestos por parte de alguns especialistas ferroviários, alegando que o país deveria deixar de se apoiar em fornecedores estrangeiros e desenvolver sua própria tecnologia de eletrificação ferroviária para reduzir os custos, relata Gorni.
Em 1943 mesmo com a II Guerra Mundial não foi suficiente para atrasar a entrega das obras, previamente agendada para abril de 1943. Em 24 de maio de 1945, com a II Guerra Mundial afastando-se do cenário internacional, a Sorocabana assinou novo contrato com a Electrical Export Corporation, visando a eletrificação entre Santo Antônio (Iperó, km 139,832) e Bernardino de Campos (km 450,675), compreendendo 310 quilômetros de linha, menos acidentada.
Máquinas — A negociação incluiu a aquisição de mais 26 locomotivas elétricas, apelidadas de Lobas — há duas em Ourinhos —, material elétrico e mecânico para a montagem de mais oito subestações automáticas de 4.000 kW. As locomotivas foram fabricadas pela General Electric e parte pela Westinghouse. As obras para a eletrificação do trecho entre Santo Antonio (Iperó) e Laranjal Paulista, ao longo de 46 quilômetros de linha, foram iniciadas em 1945. Nessa fase da eletrificação, a Sorocabana teve de construir suas próprias linhas de alta tensão para abastecer as subestações retificadoras. Na época a região não dispunha de grandes hidrelétricas.
Em 1953, será concluída a eletrificação até Bernardinho de Campos, finalizando assim a segunda fase, prevista no plano de eletrificação da ferrovia. A eletrificação seria até Presidente Prudente, mas parou em Assis.
No relatório anual de 1952 é prevista a eletrificação do trecho Bernardino de Campos-Assis, com 150 km e quatro subestações.
Somente dezoito anos depois, em julho de 1969, a eletrificação chegou até Assis, com a incorporação de mais 249 quilômetros à rede eletrificada da Sorocabana.
Em 20 de março de 1959 a eletrificação atingiria Ourinhos — a subestação definitiva, contudo, somente entraria em operação nesse ponto dois anos depois.
No mesmo ano, a 18 de setembro, a usina hidrelétrica de Salto Grande entrava em operação, sendo interligada ao sistema da Light através das linhas de transmissão da Sorocabana, ao longo de mais de 250 quilômetros de extensão.
Crise — Em 1961 a eletrificação era acrescida de mais 36,6 km, correspondente ao trecho Ourinhos-Ibirarema. Só no ano seguinte, 1962, é que seriam terminados os estudos para a eletrificação do trecho seguinte, entre Ibirarema e Assis, num total de 64,2 quilômetros. As obras teriam início em 1963, segundo Gorni.
O agravamento da crise ferroviária brasileira ao longo da década de 1960 tornou as obras dessa eletrificação bastante lentas, conta Gornis. A eletrificação continuava a ter prestígio nessa época: em 19 de fevereiro de 1963 o então governador do estado de São Paulo, Adhemar de Barros, assinou decreto autorizando o fornecimento de novas locomotivas elétricas para a Sorocabana. Também no ano de 1968 ficaria pronta a linha de contato entre Ibirarema e Assis.
No início da década de 1970, em pleno auge de sua eletrificação, a Sorocabana dispunha de 722 quilômetros de linhas com esse tipo de tração.
Em 1971 a E.F. Sorocabana foi incorporada às Ferrovias Paulistas S/A (Fepasa) em novo projeto de estatização no auge da ditadura. A elevação no preço do petróleo provoca instabilidade política no Oriente Médio no início da década de 1970 e isso ajuda a prolongar a tração elétrica até meados da década de 1980. Somente em 1995, com a posse do governo Mário Covas, é que a privatização da Fepasa passou a ser encarada como um fato consumado. A Fepasa é transferida em 1998 para a RFFSA como parte do pagamento de uma dívida do Banco do Estado de São Paulo (Banespa) junto ao governo federal. A seguir, a empresa é privatizada, sendo substituída pela Ferroban. De imediato a nova empresa suspende toda a eletrificação nas linhas da Fepasa. O mesmo fez a ALL, ao arrendar o trecho de Botucatu e Presidente Epitácio. É o fim de locomotivas, rede áerea e subestações. O patrimônio vira sucata, como as duas máquinas que estavam em Assis e vieram para Ourinhos.

../materias.htm

fonte: www2.uol.com.br/debate/1245/região/região04.htm
O mesmo passageiro que entra no trem, é o mesmos que desçe nas proximas estaçoes

Voltar para “ARTIGOS, NOTÍCIAS E TEXTOS”

Quem está online

Usuários navegando neste fórum: Nenhum usuário registrado e 10 visitantes