Ferro Carril de Bello Horizonte

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Inconfidente
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Ferro Carril de Bello Horizonte

Mensagem não lida por Inconfidente » 25 Out 2009, 21:09

O Ferro Carril de Bello Horizonte era um sistema de transporte público inaugurado em 1902. Em 1912 já tinha 30 km de linhas, 39 bondes elétricos, 32 reboques e 5 bondes de carga, transportando nesse ano 5.037.922 passageiros (Belo Horizonte tinha cerca de 38.000 hab. à época).

Todas as imagens são do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH).

Imagem
Bonde com passageiros em pose para a foto, em sua maioria mulheres, em Belo Horizonte (1902).

Imagem
Inscrição: "Bello Horizonte - Rua da Bahia - inauguração dos bondes elétricos e posse do Dr. Francisco Sales, novo presidente do estado, a 7 de setembro de 1902"

Imagem
Bonde com homens em pose para foto, em Belo Horizonte (MG).

Imagem
Tomada da agência de bondes viação elétrica, à Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte (MG).

Cronologia

1897
No dia 11 de dezembro, inauguração da iluminação pública, pela
Companhia Mineira de Eletricidade, na véspera de inauguração da
capital
1900
A cidade contava com 13.472 habitantes.
1902
No dia 7 de setembro, inauguração das primeiras linhas de bonde
elétrico, pela Companhia Ferro-Carril de Belo Horizonte, com frota
de 4 bondes, aproveitando os trilhos de biotla métrica do antigo
ramal férreo urbano, implantandos na época de construção da capital.
São inauguradas linhas para o Quartel, Mercado, Ceará e
Pernambuco.
Mapa - Primeiras linhas elétricas - 1902
1903
Inauguração do primeiro abrigo de passageiros, localizado na avenida
Afonso Pena, esquina com rua Ceará.
1905
Inauguração de duas novas linhas para os bairro de Serra e Floresta,
sendo introduzidos novos bondes adquiridos na Casa Guinle e Comp
no Rio de Janeiro.
1906
Inauguração das linhas da Santa Casa e Prado Mineiro, além de 3
ramais de uso exclusivo da Prefeitura, para o Matadouro,
Almoxarifado e Armazéns da Central do Brasil. São adquiridos mais
dois bondes de passageiros, além de um para o transporte de carne e
três vagões de carga.
1907
O sistema conta com 8 bondes elétricos, 24 km de trilhos e 7 linhas
em operação: Ceará, Pernambuco, Mercado, Quartel, Floresta, Prado
e Serra.
Inauguração do abrigo na Praça Diogo de Vasconcellos, atual
Savassi.
1908
O sistema contava com 10 bondes. São inaugurados dois
prolongamentos, o primeiro na linha do Prado até o portão de
entrada, o segundo na linha da avenida amazonas, ligando a avenida
Afonso Pena à Estação da Central do Brasil.
Construção de um bonde de luxo fechado, reservado às autoridades,
construído em "peroba e canella".
Início das obras de nova linha "Acaba-Mundo", para o transporte de
pedras destinadas ao calçamento de ruas.
1909
No dia 25 de março, depois de uma série de pedidos, inauguração da
linha da Lagoinha.
1910
A cidade contava com 33.245 habitantes.
Inauguração do novo edifício da Agência de Bondes, denominado
Viação Elétrica, localizado na Avenida Afonso Pena, esquina com
rua Bahia. Diversas linhas passaram a fazer ponto final em frente à
agência, onde os passageiros realizavam baldeação.
Mapa - Linhas em 1910
1911
O sistema contava com 15 bondes de passageiros, 1 carro de
inspeção, 2 carros de reconstrução, 1 para o transporte de carne
verde, 1 para o transporte de gado vivo e 1 para o de cargas
1912
O sistema conta com 30 km de linhas, incluso desvios e linhas
duplas, 39 bondes elétricos, 32 reboques e 5 bondes de carga,
transportando nesse ano 5.037.922 passageiros.
O município de Belo Horizonte contava com 38.822 habitantes,
sendo 12.033 na área urbana (32%), 14.842 na área suburbana (38%)
e 11.947 na área urbana, ou seja, 70% da população se encontrava
fora dos limite da área central, delimitada pela avenida do Contorno.
A área central apesar de abrigar cerca de 1/3 da população, era onde
se encontravam a maioria das linhas de bonde.
Em dezembro, início da duplicação da linha da Floresta, a partir da
rua Caetés, no cruzamento da rua Bahia e avenida Amazonas. A linha
da Floresta é a de maior movimento.
1913
O sistema conta com 39 km de linhas
São realizados estudos para implantação da linha da Faculdade de
Medicina.
Os moradores da colônia Carlos Prates, através de abaixo assinado,
solicitam a implantação de uma linha de bonde para o bairro.
1914
Em janeiro, início da duplicação da linha da avenida Paraná.
Em fevereiro, início da construção de nova linha entre a rua Ceará,
passando pela rua Piauhy até o recém inaugurado Colégio Anglo
Mineiro, no bairro da Serra
1915
No dia 18 de março, inauguração da linha de Carlos Prates
1918
Em 1918 rodavam apenas 8-10 bondes
1919
No período 1912 - 1919 apenas 4 novos bondes foram acrescidos à
frota.
Implantação de 3 km de novas linhas de bonde.
Duplicação de 8,215 km de linhas e substituição de 7,470 km de
trilhos comuns pelo tipo de fenda.
Duplicou-se o número de bondes em serviço.
Construção na avenida São Francisco das oficinas e depósito dos
bondes, desocupando a Praça Benjamnin Constant, que obstruia a
avenida Affonso Penna, interrompida num longo trecho.
1920
O município conta com população de 55.563 habitantes.
Mapa - Linhas em 1920
1923
Inauguração da primeira linha de auto-ônibus da capital, visando
suprir a carência do atendimento dos bondes da capital, que operava
de forma insatisfatória, com poucos bondes e bairros não atendidas.
Em outubro já operavam 4 linhas.
1924
Prolongamento da linha da Floresta, pela avenida do Contorno até o
cruzamento da rua Hermilio Alves no bairro de Santa Tereza..
Prolongamento da linha da avenida Paraná, desde a Praça 12 de
Outubro até o cruzamento com a rua Bernardo Guimarães.
Prolongamento da linha do Matadouro até a estação Arrudas (Santa
Efigênia), formando o tráfego definitivo com a linha de Lagoinha.
Inauguração de novo ramal até o Mercado no bairro de Funcionários,
modificando o traçado da linha Pernambuco
Criação da linha circular.
1926
Em janeiro, a Prefeitura aprova dois novos projetos de construção de
linhas de bonde , apresentados pela Companhia de Eletricidade. A
primeira linha, em direção ao Quartel do Quinto Batalhão de Polícia,
parte do terminal da linha da Floresta, na esquina da avenida do
Contorno com rua Hermílio Alves, seguindo por esta rua até a rua
Marmore, seguindo por esta até a frente do dito quartel. A segunda
linha, que é a modificação da linha Circular, parte do cruzamento da
rua Aymorés com rus Espírito Santo, seguindo pelas ruas Espírito
Santo, Emboabas, Bahia e Carangola, até o cruzamento com a rua
Congonhas, em frente a Caixa d'água do Cercadinho.
A Companhia de Viação Urbana solicita a revisão do contrado
assinado em 1912, alegando a falta de recursos para cumprí-lo.
Houve rescisão do contrato , que se deu em 27 de julho, quando o
Estado assume o controle, criando o Departamento dos Serviços de
Eletricidade da Capital.
1928
Depois da instalação do Departamento de Bondes em 1926, foram
construídas 5,550 km de novas linhas e construídos 13 bondes.
Devido à seca, reduziu-se o número de bondes em operação,
obrigando a prefeitura a implantar linhas de auto-ônibus para suprir a
carência do serviço. Foram camprados ônibus usados e criadas oito
linhas com tarifa de 300 réis. Cada veículo tinha capacidade para 27
passageiros, sendo proibido o tráfego em pé. Dentre os bairros
atendidos por bondes, somente o Calafate não foi beneficiado. Foram
criadas as seguintes linhas: Praça da Liberdade, Prado, Quartel,
Serra, Carlos Prates, Floresta, Santo Antonio e Lagoinha. O serviço
foi extinto em dezembro, com a chegada da estação chuvosa,
normalizando do fornecimento de energia elétrica.
O sistema conta com 52 carros, sendo 40 bondes elétricos de
passageiros, 8 reboques de passageiros, 2 carros elétricos parao
transporte de carne, 1 para água e uma prancha.
Nas oficinas Trajano de Morais já se encontram construídos 12 novos
bondes, que aguardam o desembaraço alfândegário dos trucks e
motores elétricos adquiridos na General Electric, para serem
despachados pela Estrada de Ferro Central do Brasil e montados em
Bello Horizonte.
Se encontram encomendados 6 bondes fechados, idênticos ao de São
Paulo.
1929
No perídio 1926-1929 as linhas são estendidas para os bairros de
Santo Antônio, Gameleira e Vila Progresso, atual Padre Eustáquio.
A tarifa do bonde sofre o seu primeiro reajuste em toda a história,
passando de 100 para 200 réis.
Criação do serviço de segunda-classe, com tarifa reduzida, assim
como acontecia nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo
No dia 5 de outubro, assinatura do contrato de concessão dos direitos
de exploração dos serviços de geração, distribuição de enrgia elétrica
e de bondes à Companhia Força e Luz de Minas Gerais - CFLMG,
através da Sociedade Anonyma Empresas Electricas Brasileiras,
subsidiária da Amfop, empresa de capital norte-americano.
1930
População de 116.981 habitantes.
Operavam as seguintes linhas: Calafate, Gameleira, Pernambuco,
Carlos Prates, Serra. Bonfim, Lagoinha, Floresta, Paraúna, Santa
Thereza, Santa Efigênia, Cruzeiro, Arrudas e Santo Antônio.
No final do ano, antes do natal, conclusão da implantação de novo
ramal na avenida Augusto de Lima, até o Mercado, que entrou em
operação somente em 1931, devido à falta de bondes.
Mapa - Linhas em 1930
1931
Inauguração da linha Avenida Progresso.
Em agosto, início do tráfego de bondes pelo viaduto de Santa Teresa,
suprimindo a passagem em nivel dos bondes com os trilhos da
estrada de ferro, e do tráfego pela Rua Caetés.
Em outubro, continuam os trabalhos de duplicação da linha para o
Calafate
1936
Inauguração de novo ramal para o bairro de Renascença.
Inauguração do Viaduto da Floresta.
1937
Inauguração de dois novos abrigos no entorno da Praça 7 de
Setembro, no centro da cidade, junto de nova rótula, por onde
circulavam "todos os bondes de todas as linhas". O centro
"nervoso"da cidade já havia passado do cruzamento da Avenida
Afonso Pena com Bahia para a região da Praça 7. Com a inauguração
dos novos abrigos, é demolido o antigo prédio da Agência de
Bondes, inaugurado em 1910, no cruzamento da rua Bahia.
1940
O município conta com população de 211.377 habitantes.
Foto - Bonde Aberto
1941
Inauguração de novo ramal, com 3 km de extensão, para o bairro de
Santo André, após a abertura da pedreira Prado Lopes.
Entre 1941 e 1942 entram em circulação quatro bondes fechados,
sendo apelidados de "Camarão" e "Pássaro Amarelo", visto dois
veículos serem pintados de vermelho e outros dois de amarelo.
Foto - Praça da Estação, s/ data.
1942
Devido a escassez de combustível, ocasionada pela dificuldade de
importação gerada pela Segunda Guerra, torna-se proibido a
circulação de veículos particulares.
1945
No período 1945-1946 mais 14 bondes usados foram trazidos dos
Estados Unidos e montados nas oficinas da Companhia Força e Luz,
recebendo novas carrocerias.
1947
Inauguração do ramal da Pampulha.
Nos anos 40 são implantados novos ramais para o Carmo, Pedro II,
Cachoeirinha, e prolongada a linha da avenida Progresso.
Esse ano marca o apogeu do fluxo de passageiros, quando
transportou cerca de 73 milhões, com frota de 75 bondes e 73 km de
linhas. A partir daí inicia-se o sucateamento da frota de bondes
promovido pela própria CFLMG e o aumento gradativo da
participação dos ônibus no transporte coletivo.
1949
Afim de se evitar o colapso no sistema de transportes, a Prefeitura
encampa o serviço de bondes operado pela CFLMG.
1950
População de 352.724 habitantes.
É criado o Departamento de Bondes e Ônibus (DBO), autarqui
municipal encarregada de coordenar e regular o sistema de transporte
coletivo.
Os bondes deixam de circular pela avenida Afonso Pena, sendo
criado um serviço para substituí-los.
São retirados os pontos de bonde na Praça Sete, e demolidos os
abrigos norte e sul, sendo construído o abrigo "Santa Thereza" no
local antes ocupado pela Agência de Bondes (Viação Electrica),
construído em 1910 e demolido em 1937.
Início da operação de um bonde especial bagageiro, para o transporte
de bagagens com dimensões superiores ao permitido, circulando em
trajetos e horários afixados no ponto final de cada linha.
Prolongamento das linhas do Carmo, Lourdes e Carmo.
1951
Prolongamento das linhas Cruzeiro, Santa Thereza e Carmo.
O sistema contava com 87 bondes.
Américo René Giannetti assume o cargo de prefeito, defendendo a
substituição por completo do sistema de bondes pelos trólebus.
Apesar do discurso inaugura a última linha do sistema para Ozanam,
alegando ser uma antiga reivindicação da população.
1952
Prolongamento da linha Dom Pedro II
1953
Prolongamento da linha Padre Eustáquio
1954
Suspensão do serviço da linha Floresta.
1955
O sistema conta com 87 bondes e 20 linhas em operação.
Foto - Praça 7 nos anos 50
1957
Cerca de 60% da frota se encontrava recolhida na oficinas a espera
de aquisição de peças para reparos. Somente 25 bondes permaneciam
em operação.
1958
Erradicação da linha na rua da Bahia, sendo o tráfego desviado para a
rua Pernambuco.
1959
O sistema conta com 19 linhas e 44 bondes em circulação.
1961
O sistema contava com apenas 8 bondes em circulação, atendendo
aos bairros mais populosos.
1963
Erradicação total do sistema, sendo as últimas linhas desativadas as
que serviam os bairros de Cachoeirinha, Gameleira, Bom Jesus,
Horto, Padre Eustáquio e Cidade Ozanam.

Mais em http://zrak7.ifrance.com/bh-bonde.pdf

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