Exportações de minério de ferro crescem 28%
03/10/2008 - Gazeta Mercantil
As exportações brasileiras de minério de ferro cresceram 28% em setembro, para 29,23 milhões de toneladas, volume que representa um aumento de 11% em relação ao embarcado em agosto, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em nove meses foram embarcados 223,25 milhões de toneladas, volume 12,14% superior ao registrado em igual período de 2007.
Os números mostram que as vendas brasileiras continuam aquecidas e dão indícios de que a demanda de um dos principais destinos brasileiros, a China, continua firme.
A China responde por 39% das vendas internacionais de minério de ferro brasileiro e a Vale negocia um aumento de 11% nos preços para aquele mercado, o que tem provocado protestos e ameaças das siderúrgicas chinesas de boicotar o produto brasileiro.
"Essas discussões fazem parte, em grande medida, da queda de braço entre mineradoras e siderúrgicas que começa antes mesmo de iniciar as negociações formais para mostrar poder e intimidação", afirmou o consultor Amilcar Teixeira Santos, da Metal Data.
Em valores, o Brasil já acumula uma receita com exportações de minério de ferro de US$ 12,27 milhões, valor 57,7% acima do apurado até setembro do ano passado. O resultado obtido até agora fez o analista da Tendências Consultoria, Alexandre Gallotti, revisar a projeção para este ano da receita nacional com a venda externa de minério para US$ 17,9 bilhões, ante os US$ 15,9 bilhões estimados anteriormente. "Tanto em volume quanto em volume de produtos houve um aumento significativo que não era esperado", afirmou.
Para 2009, o analista também refez as projeções e agora espera uma receita de US$ 23,9 bilhões, 33% acima do valor previsto para este ano. "Com toda a incerteza internacional, estou trabalhando com perspectiva de estabilidade para os preços no ano que vem, com um reajuste de somente 5% para o ano", afirmou.
Ainda assim, com um ano cheio de preços mais altos, em relação à este ano, quando o reajuste de entre 69% e 71% para o preço do minério passou a valer a partir de junho, deve render um preço médio 22% mais alto. O volume embarcado, calculou, será 9% maior.
Gallotti afirmou, sem revelar valores, que em agosto foi possível notar uma queda do consumo aparente de aço na China, em relação ao apurado em agosto. No entanto, em relação ao verificado no mesmo mês de 2007, o volume foi maior. "Mas é preciso esperar os dados de setembro e outubro, pois em agosto, com as Olimpíadas, o país reduziu o ritmo de produção industrial", disse.
Segundo dados do Instituto Internacional do Ferro e Aço (IISI), em agosto a China apresentou alta de apenas 1,3% da produção de aço. O país, que vinha há registrando crescimento acima 10% ao mês, acumula neste ano crescimento de 8,3%, em um claro sinal de redução do ritmo de crescimento. Mas para Santos, existe uma demanda reprimida no país que "cresce um Brasil por ano". No ano passado a China cresceu 15,7% e produziu 489 milhões de toneladas, 73,3 milhões de toneladas a mais. A produção brasileira é de 35 mil toneladas anuais.
"Ainda que reduza o ritmo de crescimento, a alta é expressiva e o país vai precisar de minério", afirmou Santos. O consultor não acredita que a China possa deixar de comprar minério brasileiro, ou reduzir drasticamente o consumo de minério do Brasil. "Eles precisam do minério brasileiro para compor o mix de minério que é levado ao alto-forno", disse.
De acordo com ele, o minério de ferro chinês e australiano é de qualidade mais baixa e é necessário colocar cerca de 20% de minério brasileiro na composição para obtenção de um aço de melhor qualidade. Mesmo com o aumento do volume de minério de ferro indiano - de melhor qualidade que o australiano - na composição, ainda assim não dá dispensar o minério brasileiro.
A única preocupação quanto à demanda futura de minério pela China é o impacto que o país sofrerá com a crise financeira que tem se alastrado pelo mundo. "Se houver um forte desdobramento, a ponto de afetar o Sudeste Asiático, aí sim pode haver impacto para as mineradoras brasileira", disse Santos.
Fonte: http://www.revistaferroviaria.com/index ... a=&pagina=