[Notícia] Trilhos roubados vão para o Alemão
Enviado: 22 Dez 2009, 09:06
Polícia encontra depósito na favela com mais de mil toneladas de material furtado de ferrovias, principalmente da Niterói-Itaboraí
POR LESLIE LEITÃO
Rio - Enquanto na Zona Sul o dia era de festa pela inauguração do metrô de Ipanema, do outro lado da cidade, no Complexo do Alemão, policiais civis trocavam tiros com traficantes para tentar apreender centenas de toneladas de trilhos de ferro furtados de diversas linhas férreas, principalmente do trecho Niterói-Visconde de Itaboraí, que cruza São Gonçalo. Naquele trecho, as operações estão suspensas desde 2007 porque os trilhos desapareceram e o estado não teve dinheiro para repor.
Segundo cálculos feitos pela Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), dentro do depósito, havia pelo menos R$ 20 milhões em material roubado de ferrovias.
A ação da polícia começou ainda no domingo, em Itambi, quando dois homens encheram uma carreta com cerca de 20 toneladas de trilhos e vieram em direção ao Rio. Ao saírem da Linha Amarela, já próximo à entrada do Morro da Fazendinha, os agentes interceptaram o veículo. José Fernandes Serralha, 47 anos, e Walter Lírio dos Santos, 33, foram presos em flagrante.
Naquele momento, dois policiais civis, à paisana, se apresentaram e foram levados à delegacia. Ambos foram encaminhados à Corregedoria, que investigará o que a dupla fazia seguindo à carreta. Eles alegaram que estavam tentando cumprir um mandado de prisão e, desconfiados, passaram a seguir o caminhão.
A carga, de 19.980 quilos de ferro, foi avaliada em cerca de R$ 340 mil. “Tivemos de interceptar porque percebemos que a carreta seria levada para dentro da favela e ficaria mais difícil de encontrar o local depois”, explicou o delegado-adjunto da DDSD, Ângelo Lages.
As investigações começaram há cerca de cinco meses, com o objetivo de identificar receptadores do material furtado. Ontem, dentro da Olímpicos Ferro e Aço Ltda., com sede na Rua Canitá, na Fazendinha, os agentes encontraram grande parte dos trilhos. Cinco funcionários foram detidos, prestaram depoimento e foram liberados.
O dono da empresa não foi localizados.
Retirada só com operação de guerra e 50 caminhões
Os dois presos foram autuados por perigo de desastre ferroviário, furto e associação para o tráfico, já que parte dos trilhos levados para a favela é usada justamente pelas quadrilhas. Fincados no chão, servem como barricadas para tentar impedir a entrada da polícia.
Chegar ao galpão onde estava armazenada a carga furtada não foi tão fácil. Com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a DDSD descobriu o local por volta das 10h. Houve intenso tiroteio. Ninguém se feriu. Já dentro do galpão, bandidos atiraram uma granada e fizeram vários disparos. Para sair do local e zelar pela segurança dos funcionários, os policiais os tiraram da favela dentro do carro blindado.
O galpão foi interditado e lacrado. Mas o próprio delegado Angelo Lages admitiu que, para retirar o material de lá, será preciso uma grande operação: “Vamos precisar de uns 50 caminhões para remover tudo”.
Empresas de construção suspeitas
Além do receptador da carga, a DDSD vai investigar outros integrantes da quadrilha. Os agentes já sabem que pelo menos um funcionário, que operava a retroescavadeira de uma obra da Cedae na região de Itambi, está envolvido, já que a máquina ajudou a retirar as 20 toneladas de trilhos no domingo. Empresas de construção civil também serão investigadas. A informação é que eles recebiam esse material para usá-los em alicerces de obras.
“O prejuízo social, na verdade, é até maior do que o financeiro, já que a linha parou em virtude do furtos dos trilhos”, explicou o delegado da DDSD.
Cada metro de trilho apreendido pesa, em média, 37 quilos — cada um vale até R$ 17 no mercado negro. A polícia acredita que haja mais de 1.200 toneladas no galpão.
Fonte: http://odia.terra.com.br/portal/rio/htm ... 54598.html
POR LESLIE LEITÃO
Rio - Enquanto na Zona Sul o dia era de festa pela inauguração do metrô de Ipanema, do outro lado da cidade, no Complexo do Alemão, policiais civis trocavam tiros com traficantes para tentar apreender centenas de toneladas de trilhos de ferro furtados de diversas linhas férreas, principalmente do trecho Niterói-Visconde de Itaboraí, que cruza São Gonçalo. Naquele trecho, as operações estão suspensas desde 2007 porque os trilhos desapareceram e o estado não teve dinheiro para repor.
Segundo cálculos feitos pela Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), dentro do depósito, havia pelo menos R$ 20 milhões em material roubado de ferrovias.
A ação da polícia começou ainda no domingo, em Itambi, quando dois homens encheram uma carreta com cerca de 20 toneladas de trilhos e vieram em direção ao Rio. Ao saírem da Linha Amarela, já próximo à entrada do Morro da Fazendinha, os agentes interceptaram o veículo. José Fernandes Serralha, 47 anos, e Walter Lírio dos Santos, 33, foram presos em flagrante.
Naquele momento, dois policiais civis, à paisana, se apresentaram e foram levados à delegacia. Ambos foram encaminhados à Corregedoria, que investigará o que a dupla fazia seguindo à carreta. Eles alegaram que estavam tentando cumprir um mandado de prisão e, desconfiados, passaram a seguir o caminhão.
A carga, de 19.980 quilos de ferro, foi avaliada em cerca de R$ 340 mil. “Tivemos de interceptar porque percebemos que a carreta seria levada para dentro da favela e ficaria mais difícil de encontrar o local depois”, explicou o delegado-adjunto da DDSD, Ângelo Lages.
As investigações começaram há cerca de cinco meses, com o objetivo de identificar receptadores do material furtado. Ontem, dentro da Olímpicos Ferro e Aço Ltda., com sede na Rua Canitá, na Fazendinha, os agentes encontraram grande parte dos trilhos. Cinco funcionários foram detidos, prestaram depoimento e foram liberados.
O dono da empresa não foi localizados.
Retirada só com operação de guerra e 50 caminhões
Os dois presos foram autuados por perigo de desastre ferroviário, furto e associação para o tráfico, já que parte dos trilhos levados para a favela é usada justamente pelas quadrilhas. Fincados no chão, servem como barricadas para tentar impedir a entrada da polícia.
Chegar ao galpão onde estava armazenada a carga furtada não foi tão fácil. Com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a DDSD descobriu o local por volta das 10h. Houve intenso tiroteio. Ninguém se feriu. Já dentro do galpão, bandidos atiraram uma granada e fizeram vários disparos. Para sair do local e zelar pela segurança dos funcionários, os policiais os tiraram da favela dentro do carro blindado.
O galpão foi interditado e lacrado. Mas o próprio delegado Angelo Lages admitiu que, para retirar o material de lá, será preciso uma grande operação: “Vamos precisar de uns 50 caminhões para remover tudo”.
Empresas de construção suspeitas
Além do receptador da carga, a DDSD vai investigar outros integrantes da quadrilha. Os agentes já sabem que pelo menos um funcionário, que operava a retroescavadeira de uma obra da Cedae na região de Itambi, está envolvido, já que a máquina ajudou a retirar as 20 toneladas de trilhos no domingo. Empresas de construção civil também serão investigadas. A informação é que eles recebiam esse material para usá-los em alicerces de obras.
“O prejuízo social, na verdade, é até maior do que o financeiro, já que a linha parou em virtude do furtos dos trilhos”, explicou o delegado da DDSD.
Cada metro de trilho apreendido pesa, em média, 37 quilos — cada um vale até R$ 17 no mercado negro. A polícia acredita que haja mais de 1.200 toneladas no galpão.
Fonte: http://odia.terra.com.br/portal/rio/htm ... 54598.html
