Beijing e Changchun (China) - As estações do metrô do Rio ganharão ‘prefeitinhos’ e agentes de plataforma ainda este ano. As equipes estão em fase de treinamento pela companhia, com o objetivo de melhorar o atendimento ao passageiro e a manutenção dos terminais. Além disso, a concessionária já planeja a instalação em sete estações do sistema de portas em área de embarque e desembarque, para controle de multidão. A medida é usada nos metrôs das principais capitais do mundo, como Paris (França), Londres (Inglaterra), Beijing e Hong Kong (China) e Tóquio (Japão), como forma de proteção dos passageiros para evitar quedas nos trilhos quando a plataforma fica superlotada — o que já acontece no Rio.
Estação Central, em Hong Kong: 900 mil pessoas por dia, bilhete só em caixa eletrônico e 20% da receita do metrô não
vêm da tarifa | Foto: Elaine Gaglianone / Agência O Dia
O estudo do metrô prevê essas portas na Pavuna, Maracanã, Saes Peña, Central, Carioca e Botafogo. A Estação Uruguai, que será construída até 2012, na Tijuca, também terá a proteção, mas como item obrigatório. “A configuração da estação vai nos obrigar a colocar esse sistema”, conta o presidente do Metrô Rio, José Gustavo Costa.
Atualmente, ocorrem 20 quedas nos trilhos do metrô do Rio por ano. Em Paris, por exemplo, só uma das linhas registra mais de 2 mil quedas por ano. Mas, com a ampliação da rede e o crescimento frequente no número de passageiros, a concessionária quer se antecipar a possível aumento de ocorrências. Este mês, em vários dias, o sistema registrou mais de 600 mil pessoas.
O investimento é alto e ainda precisa ser aprovado pelo conselho de investidores que controla o Metrô Rio. Cada porta custa 50 mil dólares — cerca de R$ 100 mil. A estação também terá que ser equipada com ar-condicionado. A barreira reduz a circulação de ar, já que fecha o acesso da plataforma ao vagão — quando o trem para, as portas se abrem de forma sincronizada.
Os ‘prefeitinhos’ serão como chefes de estação, função que não existe atualmente. Terminais maiores terão um específico. Estações menores — como Largo do Machado, Catete e Glória — serão agrupadas. Todos os grandes metrôs do mundo têm essa figura.
“Não temos atualmente funcionários voltados para serem responsáveis pela estação. Temos ótimos seguranças, mas não aquela pessoa que se preocupa se está vazando água, se está sujo, se o passageiro precisa de atendimento. O prefeitinho vai cuidar da estação e dos usuários”, explica José Gustavo Costa, que este mês visitou a indústria CRC, em Changchun, na China, onde estão sendo fabricados os novos trens.
Já os agentes de plataforma vão auxiliar e orientar os passageiros no embarque e desembarque. Só atuarão nas paradas mais lotadas e apenas nas horas de pico. “O objetivo é facilitar a saída e a chegada do passageiro, não deixar a porta ser travada, por exemplo”, completa José Gustavo.
Entrevista: José Gustavo Costa, presidente do Metrô Rio
"Usuários da Linha 2 merecem conforto"
Quais são as melhorias dos trens novos?
— Essa é a primeira vez que se compram trens novos para o metrô desde 1978. Estamos muito otimistas porque teremos ar-condicionado desenhado especialmente para as condições do Rio. Os trens novos vão para a Linha 2. Então lá não teremos mais problema nenhum com ar-condicionado. Outra novidade é que os trens terão ligação entre os carros. Ou seja: a pessoa pode entrar em qualquer carro e transferir-se de um para outro sem ter nenhum problema.
A refrigeração do novo trem será superior?
— É 33% maior. Na verdade, é maior ainda, já que os atuais trens são muito antigos. Os usuários da Linha 2 merecem mais conforto. Estamos regulando o ar para que o interior fique sempre com 23 graus, qualquer que seja a condição externa.
O que, em Hong Kong, pode ser modelo?
— A limpeza, a modernidade, a pontualidade são os atributos. Quase todas as estações têm ar-condicionado e portas de plataforma. É o modelo que buscamos como padrão para o Rio.
O que viu de melhor em Paris, Londres, Tóquio e Beijing, que fez as Olimpíadas?
— Paris é um metrô de engenheiros, que tem abrangência grande e é fácil para o turista. Em Londres, há preocupação com o cliente, em mantê-lo informado. Em Beijing o que impressiona é o número de passageiros. São 6 milhões de pessoas. O metrô teve crescimento extraordinário em pouco tempo. Tóquio tem extensão fantástica e uma das maiores taxas de ocupação.
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