Governo quer expandir TAV para outras regiões
30/03/2009 - Diário do Grande ABC
O governo federal pretende estimular a expansão de ramais do TAV (Trem de Alta Velocidade) que vai ligar Rio de Janeiro a São Paulo e Campinas para outras regiões do Estado.
É o que revela o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. Em entrevista exclusiva, ele afirma que as primeiras extensões do ‘Trem-Bala'' contemplarão os eixos São Paulo-Curitiba e São Paulo-Belo Horizonte, em cujos traçados deverão ser instaladas estações intermediárias de embarque de passageiros.
O governo brasileiro tem grande interesse na transferência de tecnologia porque enxergamos que, após a construção deste trecho inicial, abre-se uma perspectiva para que novos trechos sejam construídos, afirma. A meta é tornar público o traçado referencial do TAV em abril. Pelo estudo desenvolvido pela empresa britânica Halcrow, São José dos Campos será a cidade paulista recomendada para abrigar uma parada do sistema de transporte.
A União trabalha com hipótese da realização do leilão em setembro e com a conclusão do ramal Rio-SP até 2014. O investimento no megaprojeto é de milhões de dólares e consórcios franceses, italianos, japoneses e coreanos estão na disputa para operacionalizar a nova modalidade de transporte rápido.
Passos detalha os estudos que embasarão a concessão do sistema e adianta que os trechos São Paulo-Campinas e São Paulo-São José dos Campos deverão ser percorridos em 25 minutos, o que criará uma nova perspectiva de conurbação no interior e um redesenho dos adensamentos paulistas.
A partir de sua implantação, muitas regiões terão suas áreas modificadas. Será comum ouvir pessoas que moram hoje em São Paulo irem morar em cidades do interior que possam oferecer qualidade de vida, até mais confortáveis. Isso ocorreu no mundo todo, acrescenta o secretário.
O trem percorrerá 518 quilômetros com velocidade superior a 300 quilômetros por hora, vencendo todo o percurso em pouco mais de 90 minutos.
ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE JORNAIS - Em abril será possível conhecer o traçado referencial do Trem-Bala?
PAULO SÉRGIO PASSOS - Todos sabem do propósito do governo federal de implantar o Trem de Alta Velocidade Rio de Janeiro-São Paulo- Campinas. Por trás disso, há uma intenção de propiciar a esta região um sistema de transportes ferroviário de passageiros de alto desempenho. Comparável ao que se tem nos países mais desenvolvidos. E para fazermos isso, as obras e a execução do projeto devem ser precedidas de um conjunto de estudos. Um deles é o que diz respeito ao traçado. Nós trabalhamos durante estes meses apoiados por um consórcio consultor, liderado por uma empresa inglesa chamada Ralcrow. Durante todo este tempo, a empresa avaliou alternativas inúmeras de traçado e evidentemente temos que conciliar o traçado que do ponto-de-vista da engenharia seja o mais adequado, levando-se em conta também os aspectos de economicidade para sua implantação.
APJ - Quais as conclusões preliminares?
PASSOS - A parte do traçado no que diz respeito ao Estado do Rio de Janeiro, no trecho que vai do limite com o Estado de São Paulo até a cidade do Rio, ele já está praticamente definido. Avançou bastante. E nós estamos neste momento trabalhando no traçado no trecho paulista. A nossa expectativa é de que efetivamente possamos avançar para que seja possível até abril se ter isso estabelecido. Devemos levar em conta além do percurso na área rural, nós temos a passagem pelas cidades, evidentemente a localização de estações e tudo isso requer tempo e uma preocupação com bons critérios de modo que o governo possa se sentir confortável e bem amparado para quando fizermos a licitação indicarmos o ideal. Como pretendemos fazer uma licitação aberta a diversas tecnologias, cada empreendedor poderá entender que vai adotar o traçado na sua integralidade ou até fazendo alguns pequenos ajustes. Mas já encontrará de parte do governo um estudo indicando o traçado melhor, otimizado e referencial.
APJ - As paradas, já estão definidas?
PASSOS - Estamos estudando, mas em fase final. Nós temos de considerar num trem desta característica, por exemplo, do Rio até Resende ou Barra Mansa. Depois, São José dos Campos até a cidade de São Paulo e, de lá, até Campinas. Evidentemente vamos chegar a um determinado momento em que definiremos as estações obrigatórias. Mas nada impede que o grupo empreendedor defina outras estações que, na sua avaliação, tenham demanda, tenham fluxo de passageiros.
APJ - Quais outros estudos técnicos estão sendo realizados?
PASSOS - Além do traçado, estamos realizando estudos geológicos. Estudos que vão nos permitir dar aos concorrentes uma ideia muito clara da região percorrida pelo trem das condições do solo. Isso estamos fazendo seja através do levantamento sismológico como também fazendo perfurações nos chamados trechos mais sensíveis. Para que quando seja feita a licitação, os concorrentes possam reduzir o risco de engenharia. Já poderão se apoiar em estudos prévios. Levamos em consideração o relevo, alternativas mais convenientes. E estas coisas são cotejadas com o aspecto de custos. É preciso aliar a melhor viabilidade técnica e melhor viabilidade econômica.
APJ - O senhor considera saudável a disputa que se trava entre alguns municípios para abrigar estações do TAV?
PASSOS - Sem dúvida, eu não diria disputa, mas o interesse. Há até uma certa euforia dos municípios, uma expectativa. É positivo, pois na área de influência do trem, onde ele passa, todos vão ser beneficiados. Seja os municípios que tenham estação, mas que vão ficar no eixo muito próximo e vão ter a população beneficiada.
APJ - De que forma?
PASSOS - Quando falamos no Trem de Alta Velocidade, estamos falando num modo de transporte sem nada similar no país e que tem por trás de sua implantação um efeito transformador. A partir de sua implantação, muitas regiões terão suas áreas modificadas. Será comum ouvir pessoas que moram hoje em São Paulo irem morar em cidades do interior que possam oferecer qualidade de vida, até mais confortáveis. Isso ocorreu no mundo todo. Portanto, é perfeitamente justificável esta expectativa.
APJ - Este fluxo migratório, que já existe, seria acentuado?
PASSOS - O que vai ocorrer com estas regiões? Elas vão receber um impulso positivo, pois as pessoas mudam suas decisões locacionais de habitação e vão trazer para as cidades renda, emprego, demanda de serviços das mais diversas naturezas. Tudo isso contribui para o desenvolvimento destas regiões.
APJ - Agora, em abril, já conheceremos estes estudos preliminares, de traçado, geológicos e ambientais?
PASSOS - Queremos começar a liberar a partir de abril, gradativamente. Nosso desejo é que possamos disponibilizar bastante coisa. É importante que antes da licitação todos esses dados sejam divulgados e os consórcios e os grupos interessados avaliem. Para quem venha se candidatar o faça de maneira segura.
APJ - O leilão sairá mesmo em setembro?
PASSOS - Estamos trabalhando com a expectativa de que possamos fazer o leilão no segundo semestre. Nós temos o máximo de cuidado em relação a estes estudos, mas o governo vai trabalhar sempre priorizando a segurança. Para colocar o edital na rua.
APJ - Nestes estudos preliminares, quais os prognósticos de duração de uma viagem entre São Paulo e Rio?
PASSOS - Temos falado em algo em torno de 95 minutos entre Rio e São Paulo. São Paulo-Campinas seriam 20 ou 25 minutos.
Empreendimento fica imune à crise
O projeto do Trem-Bala escapou ileso da crise econômica internacional, na avaliação do governo federal. A despeito da escassez de crédito que ronda os quatro continentes, investidores espanhóis, franceses, alemães, coreanos e japoneses mantêm-se firmes na corrida pelo leilão, previsto para setembro.
Estamos trabalhando sem nenhum tipo de limitação. É claro que quando olhamos um projeto como o do Trem de Alta Velocidade, o governo brasileiro será capaz de estruturar um projeto de tal forma que ele possa ter a atratividade necessária e, com isso, sair de sua fase de estudo para a execução, diz o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trabalha com a ideia de concluir o trecho inicial, entre Rio e São Paulo, até 2014, quando as duas cidades abrigarão subsedes da Copa do Mundo de futebol.
Faremos todos os esforços para que o trem fique pronto para 2014. É claro que temos todo um trabalho de desenvolvimento do projeto, a modelagem. Depois vamos submeter tudo isso ao TCU (Tribunal de Contas da União). O tribunal tem seu timing. Depois de apreciado e havendo o sinal verde, vamos colocar a licitação na rua. A partir daí o licitante vencedor terá a necessidade de algum tempo. Para entrar na sua fase executiva, que demanda algum tempo. Estamos administrando com muito rigor com este prazo, analisa Passos.
O Ministério dos Transportes projeta o suporte do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para alavancar o projeto.
O que imaginamos é que um projeto desta natureza tenha um sofisticado esquema financeiro para lhe dar apoio. Ao mesmo tempo em que imaginamos, além dos recursos da contrapartida financeira do governo até onde seja necessária, vamos ter um total comprometimento da nossa principal agência de desenvolvimento, o BNDES.
Para o secretário, o ideal é que os fundos de pensão das estatais, tais como a Previ (Banco do Brasil) e o Petros (Petrobras) sejam interfaces desta cooperação público-privada.
Projeto exige grande articulação regional
A implantação do TAV (Trem de Alta Velocidade) exigirá das regiões cortadas por ele uma articulação integrada de políticas públicas para absorver as demandas geradas pelo fluxo migratório e a adequação das instituições de ensino para preparar mão-de-obra qualificada para a execução e manutenção do projeto.
A avaliação é do especialista em gestão regional Édson Querido, doutor em Organização Industrial do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e mestre em Economia do Trabalho e da Tecnologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).
Para ele, o empreendimento trará impacto em todas as regiões de abrangência. Em um primeiro momento é preciso que o poder público pense no fluxo migratório e na necessidade de se oferecer infraestrutura. Em um segundo momento, temos de ter em mente que as instituições de ensino deverão capacitar gente da área técnica e de engenharia para assistência e manutenção.
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Fonte: Newsletter da Revista Ferroviária
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[Notícia] Governo quer expandir TAV para outras regiões
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[Notícia] Governo quer expandir TAV para outras regiões
Central-Caxias: 1:30 de trânsito pela Linha Vermelha. Ou 29 minutos pela Supervia.
Re: [Notícia] Governo quer expandir TAV para outras regiões
Desde que criem projetos separados, interligados ou não ao RJ/SP, é muito bom sim.
Como digo, se os Governos Estaduais criassem seus próprios projetos seria interessate.
SP, por exemplo, tem um PIB que permite pensar em ferrovias de longo percurso, naqueles moldes de média velocidade, com locomotivas como esta, da Amtrak:
Custo mais baixo de implantação e operação.
Não é TAV mas é muito bom também.
Como digo, se os Governos Estaduais criassem seus próprios projetos seria interessate.
SP, por exemplo, tem um PIB que permite pensar em ferrovias de longo percurso, naqueles moldes de média velocidade, com locomotivas como esta, da Amtrak:
Custo mais baixo de implantação e operação.
Não é TAV mas é muito bom também.
Re: [Notícia] Governo quer expandir TAV para outras regiões
O TAV deveria ser um formentador de expressos regionais que chegassem em suas paradas - O trem de Ribeirão -Campinas, um Trem do Vale do Paraíba, Um trem de JFora-Rio de Janeiro, enfim, aumentando a malha do transporte de passageiros. Agora é claro que poderão no futuro se conectar novos TAVs - Região Sul -Sudeste, Brasilia+GO+MG- Campinas , BA+ES-Rio de Janeiro... Idéias e movimento não faltam, falta a coragem de assumir investimentos dessa envergadura.
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