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EF São Paulo – Rio Grande
Moderador: Caco
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Autor do tópico - MEMBRO PLENO
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EF São Paulo – Rio Grande
A ferrovia na guerra do Contestado
Flávio R. Cavalcanti – Centro-Oeste nº 18 (setembro/1986)
Um dos episódios mais marcantes da marcha brasileira para o oeste, centrado em torno da construção de uma ferrovia e com todos os ingredientes típicos de um western, infelizmente está entre os vários capítulos que os livros escolares escondem.
Trata-se da Campanha do Contestado, onde a velha luta pela posse da terra levou os sertanejos à guerra contra as oligarquias catarinenses e paranaenses e a Brazil Railway Company, do Trust Farquhar, construtora da EF São Paulo – Rio Grande (EFSPRG).
Disputado pelo Paraná e Santa Catarina, o Contestado teve suas terras cedidas "legalmente" pelos dois Estados aos respectivos "coronéis", enquanto o Império (e depois a República) prometia-as a um terceiro dono, a Brazil Railway. Os posseiros, sem acesso aos editais publicados nas capitais, perderam a batalha "legal" logo de entrada.
A situação agravou-se com a inauguração do último trecho, exatamente no Contestado, entre Herval (SC) e Marcelino Ramos (RS), desempregando mais de 8 mil trabalhadores trazidos do Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.
Embrenhando-se nas florestas catarinenses, os posseiros e peões uniram-se em grandes grupos fanatizados por líderes messiânicos ou em pequenos grupos de bandoleiros.
A EFSPRG tornou-se, ao mesmo tempo, infraestrutura para movimentação de tropas e alvo principal dos sertanejos, que invadiam estações, dinamitavam as pontes provisórias de madeira em treliça*, arrancavam trilhos e os fios do telégrafo.
Ainda durante a construção, a EFSPRG foi palco do primeiro assalto brasileiro a um trem pagador, por um empreiteiro da própria obra, Zeca Vaccariano.
O ambiente pioneiro, construções de madeira em estilo europeu, pontes de madeira em treliça (substituídas depois por estruturas metálicas), cortes em pedra e aterros ainda sem cobertura vegetal, as serrarias a vapor — tudo forma um cenário perfeito para a reprodução em escala.
Felizmente, tudo foi bastante documentado, inclusive pelo fotógrafo oficial da EFSPRG, Orestes Augusto Alves. E a chave para o estudo da ferrovia e da época pode ser encontrado no livro Trem de Ferro, do jornalista catarinense Nilson Thomé, editado pela Editora Lunardelli, R. Victor Meirelles, 28, Florianópolis, SC, tel.: 22-4637.
Fartamente ilustrado com mapas e fotos da época, do maior interesse para quem deseja reproduzir tudo isso em maquete, o autor indica ainda dezenas de outros livros e vários museus onde informações mais detalhadas poderão ser encontradas.
Fonte: http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/e ... tado01.htm
Percival Farquhar
http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/e ... relica.jpg
Nem mesmo o "bandido" da história fica devendo nada aos do velho-oeste. Afinal, é o mesmo "chefão" que construiu a primeira ferrovia através do continente norte-americano, a Canadian Pacific Railway, recebendo do governo canadense fabulosas concessões de terra dos dois lados da estrada.
No Brasil, Farquhar dominou os serviços de energia elétrica, bondes, telefones e gás (Light), os portos de Belém (PA) e Rio Grande (RS), toda navegação amazônica, serrarias, indústrias de papel, frigoríficos, o Hotel Ritz, o jornal A Noite, 25 milhões de hectares e 47% dos 23,5 mil km de ferrovias existentes no País, à época.
Para dominar a Cia. EFSPRG, que estava abrindo a estrada na floresta, Farquhar adquire as vias de acesso por onde eram transportados materiais e mantimentos — a Sorocabana, a Compagnie Generale des Chemins de Fer du Paraná e a Compagnie Auxiliaire de Chemins de Fer du Brésil. Sem suprimentos, logo a obra da Cia. EFSPRG se viu asfixiada.
Dominadas as ferrovias, as serrarias do Trust passaram a gozar de tarifas especiais, eliminando a concorrência das madeireiras independentes.
Fonte: http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/e ... tado02.htm
Datas principais
1875 - Trilhos ligam São Paulo a Sorocaba, 104 km
1885 - Inaugurada a Curitiba-Paranaguá (PR)
1890 - Iniciadas as obras da EFSPRG, em Santa Maria (RS), rumo a Itararé (SP)
1894 - Inaugurado o primeiro trecho da EFSPRG, entre Santa Maria e Cruz Alta (RS), com 142 km
1894 - Curitiba-Paranaguá atinge Ponta Grossa (PR)
1895 - Sorocabana atinge Itapetininga (SP)
1900 - Inaugurado trecho de 132 km da EFSPRG no Paraná, entre Ponta Grossa e Rebouças
1904 - EFSPRG inaugura 132 km de Rebouças a Porto União (PR), no rio Iguaçu
1905 - Inaugurado trecho gaúcho de Cruz Alta a Passo Fundo, a 336 km de Santa Maria
1906 - EFSPRG inaugura trecho paranaense de Joaquim Murtinho a Jaguariaíva
1908 - Inaugurado trecho de Joaquim Murtinho (PR) a Itararé (SP), de 134 km
1909 - Sorocabana atinge Itararé. O presidente Afonso Pena inaugura o primeiro trecho da EFSPRG no Contestado: 103 km entre Porto União da Vitória (PR) e Taquarasl Liso, hoje Presidente Pena (SC). Trilhos atingem Rio Caçador (SC) em julho e Rio das Pedras em setembro.
1910 - Terminados trechos faltantes no Paraná (Ponta Grossa a Joaquim Murtinho), no Contestado e no norte gaúcho. A ponte provisória de madeira em treliça*, sobre o rio Uruguai, é inaugurada a 17 de dezembro, último dia do prazo para a construção. A primeira composição regular percorre os 1.403 km de Itararé a Santa Maria, à velocidade média de 30 km/h e 41,6 km/h nos trechos melhores. Rampa máxima: 2,99% e raio mínimo: 917 m, exceto no RS. Total da viagem de São Paulo a Porto Alegre: 72 horas (exceto paradas e 4 baldeações em Itararé, Porto União, Marcelino Ramos e Santa Maria), ao longo de 2.152 km.
1911 - Enchente leva a ponte de madeira sobre o rio Uruguai, reconstruída a seguir em metal
1913 - Ramal de São Francisco, previsto para ligar o litoral catarinense a Assunção, Paraguai, atinge Marcílio Dias, no km 204, e torna-se alvo dos jagunços. A construção fica paralisada até 1915
1917 - Ramal de São Francisco atinge Porto União na EFSPRG. Brazil Railway entra em concordata e o governo cancela a Transparaguaia
Fonte: Trem de Ferro: a ferrovia na guerra do Contestado (http://vfco.brazilia.jor.br/livros/Thom ... estado.htm)
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