Politicos e Metrô
Enviado: 30 Jul 2009, 09:39
Políticos prometem metrô porque ele simboliza 'democratização do conforto', diz cientista político
Haroldo Ceravolo Sereza Do UOL Notícias
Para o cientista político Paulo Kramer (UnB), no jogo político, metrô é uma espécie de palavra mágica, que simboliza a democratização do conforto no transporte urbano.
Antes dos argumentos, um levantamento: praticamente todos os prefeitos eleitos em 2008 em grandes capitais (uma pesquisa no programa de governo dos opositores traz resultado bastante semelhante) fizeram promessas ligadas ao metrô. O partido, neste caso, é irrelevante:
Gilberto Kassab (DEM), reeleito prefeito de São Paulo, prometeu investir R$ 1 bilhão na expansão do metrô, administrado pelo governo do Estado.
Eduardo Paes (PMDB) disse que faria andar as obras de expansão da linha 4, ainda em projeto, para ligar o metrô do Rio da zona sul à Barra da Tijuca, além de reformar seis estações.
Márcio Lacerda (PSB) colocou no seu programa de governo que iria viabilizar a expansão do metrô de Belo Horizonte, o que resultaria na incorporação de 14,6 km de linha à rede da cidade.
João Henrique (PMDB) afirmou, no dia da posse (1º de janeiro de 2009), que concluiria o metrô até junho (já passou) ou agosto (não vai dar).
Luizianne Lins (PT) prometeu bilhete único para ônibus, vans, trens e metrô - o metrô de Fortaleza ficará pronto, se o difícil cronograma for cumprido, em dezembro de 2011.
Beto Richa (PSDB), de Curitiba, disse que iniciaria a implantação do metrô, a ser construído sob canaletas de ônibus.
"No Brasil, ônibus é sinônimo de transporte público desconfortável", diz Kramer. Assim, o político, ao utilizar a palavra metrô em seu s discursos e programas de governo, faz alusão a "uma coisa civilizada".
Claro que o alto custo das obras, especialmente das que envolvem metrôs subterrâneos, não é sempre mencionado - o quilômetro de metrô subterrâneo pode custar, em média, US$ 130 milhões, já incluídas obras civis, desapropriações e material rodante -, o que torna o metrô uma obra fácil de prometer, nem sempre tão simples de cumprir.
Kramer acha que a multiplicação de promessas de metrô revela que o assunto transporte e mobilidade virou, de fato, uma questão importante para os políticos. "Eles podem não ser sinceros, mas são sensíveis", afirma.
O analista político Gaudêncio Torquato avalia que o metrô transmite ideia de poder e da capacidade de resolver o problema de milhões de pessoas, além de ser visível - ao contrário, por exemplo, de saneamento básico, por exemplo.
Outro fato que tornou o transporte público um assunto frequente nas eleições foi o fato de ele ter se tornado, para o eleitorado, uma questão central, ombreando no debate político com questões clássicas, como segurança, saúde e educação.
Pesquisa Datafolha publicada em 2008 apontou o transporte coletivo o 3º pior problema da cidade, atrás de segurança e saúde.
Metrô em Petrópolis?
A desenvoltura dos políticos para fazer promessas com o metrô levou um jornalista carioca Ricardo Lakihazy a escrever uma crônica ficcional. Nela, um candidato a vereador defende a implementação do Metrô Petropolitano sobre o rio Quitandinha, que corta a rua do Imperador.
Se chovesse demais e o rio subisse, nenhum problema: os "vagões submarinos" ficariam hermeticamente fechados, abastecidos de oxigênio e direito até a periscópio para o condutor.
Haroldo Ceravolo Sereza Do UOL Notícias
Para o cientista político Paulo Kramer (UnB), no jogo político, metrô é uma espécie de palavra mágica, que simboliza a democratização do conforto no transporte urbano.
Antes dos argumentos, um levantamento: praticamente todos os prefeitos eleitos em 2008 em grandes capitais (uma pesquisa no programa de governo dos opositores traz resultado bastante semelhante) fizeram promessas ligadas ao metrô. O partido, neste caso, é irrelevante:
Gilberto Kassab (DEM), reeleito prefeito de São Paulo, prometeu investir R$ 1 bilhão na expansão do metrô, administrado pelo governo do Estado.
Eduardo Paes (PMDB) disse que faria andar as obras de expansão da linha 4, ainda em projeto, para ligar o metrô do Rio da zona sul à Barra da Tijuca, além de reformar seis estações.
Márcio Lacerda (PSB) colocou no seu programa de governo que iria viabilizar a expansão do metrô de Belo Horizonte, o que resultaria na incorporação de 14,6 km de linha à rede da cidade.
João Henrique (PMDB) afirmou, no dia da posse (1º de janeiro de 2009), que concluiria o metrô até junho (já passou) ou agosto (não vai dar).
Luizianne Lins (PT) prometeu bilhete único para ônibus, vans, trens e metrô - o metrô de Fortaleza ficará pronto, se o difícil cronograma for cumprido, em dezembro de 2011.
Beto Richa (PSDB), de Curitiba, disse que iniciaria a implantação do metrô, a ser construído sob canaletas de ônibus.
"No Brasil, ônibus é sinônimo de transporte público desconfortável", diz Kramer. Assim, o político, ao utilizar a palavra metrô em seu s discursos e programas de governo, faz alusão a "uma coisa civilizada".
Claro que o alto custo das obras, especialmente das que envolvem metrôs subterrâneos, não é sempre mencionado - o quilômetro de metrô subterrâneo pode custar, em média, US$ 130 milhões, já incluídas obras civis, desapropriações e material rodante -, o que torna o metrô uma obra fácil de prometer, nem sempre tão simples de cumprir.
Kramer acha que a multiplicação de promessas de metrô revela que o assunto transporte e mobilidade virou, de fato, uma questão importante para os políticos. "Eles podem não ser sinceros, mas são sensíveis", afirma.
O analista político Gaudêncio Torquato avalia que o metrô transmite ideia de poder e da capacidade de resolver o problema de milhões de pessoas, além de ser visível - ao contrário, por exemplo, de saneamento básico, por exemplo.
Outro fato que tornou o transporte público um assunto frequente nas eleições foi o fato de ele ter se tornado, para o eleitorado, uma questão central, ombreando no debate político com questões clássicas, como segurança, saúde e educação.
Pesquisa Datafolha publicada em 2008 apontou o transporte coletivo o 3º pior problema da cidade, atrás de segurança e saúde.
Metrô em Petrópolis?
A desenvoltura dos políticos para fazer promessas com o metrô levou um jornalista carioca Ricardo Lakihazy a escrever uma crônica ficcional. Nela, um candidato a vereador defende a implementação do Metrô Petropolitano sobre o rio Quitandinha, que corta a rua do Imperador.
Se chovesse demais e o rio subisse, nenhum problema: os "vagões submarinos" ficariam hermeticamente fechados, abastecidos de oxigênio e direito até a periscópio para o condutor.