Página 1 de 1

[Notícia] Reforma de Bondes de Santa Teresa não sai do Papel

Enviado: 06 Jun 2008, 07:39
por Renanfsouza
09/02/2008 - 07h35 - Atualizado em 09/02/2008 - 07h42

Reforma de Bondes de Santa Teresa não Saiu do Papel

Apenas três dos 19 bondes estão em circulação.
Governo do estado alega que recursos cedidos pelo Bird têm de ser renegociados.

Bonde? Sumiram com os bondes de Santa Teresa. Agora só quem tem tempo para esperar por eles são os turistas”. Foi assim que o artista plástico João Soares, de 35 anos, definiu a atual situação dos tradicionais bondes do bairro de Santa Teresa, no Centro do Rio.

O cenário, no entanto, deveria ser bem diferente. Em 2004, o governo do estado fechou um acordo de financiamento com o Banco Mundial (Bird) no valor de R$ 22 milhões, para a restauração de todos os 19 bondes de passageiros da frota histórica, que é tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), e da estrutura de apoio do sistema, como garagem, oficina, trilhos e rede aérea.

No mínimo 20 minutos

Até agora, contudo, apenas um dos veículos foi restaurado, mas está fora de circulação, porque ainda faz testes. Desde o começo do ano, somente três bondes não restaurados estão em funcionamento. Isso significa que os moradores do bairro precisam aguardar, no mínimo, 20 minutos para embarcar num dos veículos.

“Às vezes esperamos até uma hora. Na estação Carioca, por volta das seis horas da tarde, acontece de termos de aguardar por dois bondes para poder embarcar, porque eles vêm lotados. Com isso, acabamos optando pelos ônibus, que são mais caros, dão mais volta e são menos aprazíveis”, diz Victor González, servidor público que também vive em Santa Teresa.

Segundo Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), o atraso na reparação dos bondes não é o único problema. O presidente da associação, Paulo Saad, reclama também do superfaturamento nos trabalhos de reparação dos veículos e do processo de demissão de funcionários antigos do sistema de transporte.

Herança

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria estadual de Transportes, o problema foi herdado da gestão anterior do governo estadual. A secretaria afirma que está trabalhando para dar continuidade à restauração, mas sofre com entraves políticos e financeiros.

Atualmente, o pagamento da reforma dos bondinhos está suspenso devido à defasagem cambial do contrato original de financiamento com o Bird. Segundo a Secretaria, os valores angariados em dólar, em 2004, não foram suficientes para fazer frente às despesas contratadas em reais, devido à valorização do dólar nos últimos anos.

Na prática, isso fez com que o valor em dinheiro acertado em 2004 diminuísse. No momento, o contrato está nas mãos do Senado Federal, que poderá ou não aprovar sua renegociação para que as reformas do sistema de bondes possam ser concluídas.

O ex-secretário de Transportes, Augusto Ariston, se surpreendeu com as críticas. Disse que recebeu os bondinhos parados e deixou oito deles em funcionamento.

“Os bondes de Santa Teresa tiveram toda a nossa atenção. Mas são bondes com 200 anos de vida, que precisam de cuidados diários, cotidianos. Quando quebra uma peça do bonde, ela precisar ser forjada, fabricada, não se encontra no mercado. O atual secretário não entende nada de transportes, ele tem dito muitas besteiras”, replicou Ariston.

Moradores versus turistas

A situação precária do sistema de bondes é um fardo para o Rio de Janeiro, que tem o bairro como um cartão postal, mas são os moradores que mais sofrem com o abandono.

“Por essas e outras que eu não me arrependo de ter deixado Santa Teresa. O bairro não está estruturado para as pessoas que vivem aqui. Os moradores não têm como usar os bondinhos, que são poucos e tem de ser compartilhados com os turistas, desabafa a recepcionista Ijumiraci Campos, de 42 anos, que se mudou para Campo Grande, na Zona Oeste, mas freqüenta o bairro para visitar a mãe, que mora no local há 20 anos.

“Além disso, não há opções acessíveis de lazer. Os bares são caros, (são) para quem ganha em dólar. A cerveja, por exemplo, custa R$ 4. Para completar, com o crescimento do turismo, houve crescimento da violência, porque onde vão os estrangeiros, os ladrões vão atrás” , complementa ela.

Fonte: G1

A reportagem possui fotos. Eis o link: http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL ... PAPEL.html

Muito triste a situação. E vê-se que os moradores de Santa Teresa utilizam o bonde como meio de transporte, algo que eu não sabia. Está explicado porque os reformados são VLTs na verdade - provavelmente para incentivar os moradores do bairro a utilizar o bonde.

Enviado: 08 Jun 2008, 04:20
por Renanfsouza
Tiago Costa

Eu fico com raiva quando mostram situações como essa, principalmente pela grande falta de consideração dos nossos governos em relação ao transporte público. E olha que os bondes são um grande atrativo! Que impressão têm os turistas quando se deparam com essa situação? É alarmante a lentidão com que essa reforma vem sendo feita. Espero que a população do Rio cobre a volta urgente desses bondes!