A tragédia do Trem dos Estudantes
Enviado: 09 Jun 2008, 23:15
O triste dia dos estudantes perto da estação de Suzano
Francisco Ornellas*
Os estudantes que diariamente viajam de trem entre São Paulo e Mogi das Cruzes, para as aulas nas faculdades locais, por certo desconhecem que, há exatos 36 anos, os colegas que os antecederam viveram uma manhã de terror no dia 8 de junho de 1972.
Foi às 7h46, dois quilômetros depois da estação de Suzano em direção a Jundiapeba. A composição UPE-2, conhecida como Trem dos Estudantes, havia deixado a Estação Roosevelt há quase uma hora, em um dia frio de muita neblina. Estava lotada. Pouco depois de ultrapassar Suzano, uma interrupção na energia elétrica fez com que ela parasse. Pela mesma linha, também em direção a Jundiapeba, circulava a composição Diesel SP-2, para a qual a interrupção de energia elétrica não significava qualquer problema.
Quando o trem passou por Suzano, uma falha de comunicação não o reteve na plataforma. Àquele tempo, sem os controles automáticos de hoje, um trem só poderia deixar uma estação, no caso a de Suzano, se o que o antecedia (o dos Estudantes), tivesse passado pela estação seguinte (Jundiapeba). A falha de comunicação liberou, em Suzano, o Diesel SP-2, que, dois quilômetros à frente, foi bater em cheio na UPE-2. A neblina reduzia a visibilidade e no meio dos ferros retorcidos, morreram de imediato 17 pessoas, entre as quais 14 estudantes. Também a tripulação do Diesel SP-2, composta por dois maquinistas e um guarda de trem.
Em 20 minutos a notícia da tragédia deixava Mogi das Cruzes de sobressalto. De pronto, todos os hospitais da Cidade entraram em estado de emergência. Os atiradores do Tiro de Guerra passaram a controlar o acesso aos hospitais e a FAB providenciou a vinda de dois helicópteros para movimentar médicos e feridos. Os feridos graves eram 65, dos quais 6 morreram depois Até às 13 horas, atendendo apelos eitos pelas rádios locais, mais de 200 pessoas já haviam doado sangue nos hospitais de Mogi das Cruzes e na unidade móvel que a Consan enviou à Cidade.
A ligação ferroviária entre São Paulo e Mogi das Cruzes ficou bloqueada até o dia sequinte; os trens só podiam trafegar entre São Paulo e Calmon Viana.
Foram os seguintes estudantes mortos no local do acidente:
Medicina – Muhamed Salim Gazal Thural, Aderbal Caputo e José Roberto Pereira da Silva.
Biomédicas – Douglas Treyder e Edson Jesus de Abreu.
Engenharia – Beethoven Tavares de Lima Jr., Byron Valença Cunha Antoniades, Álvaro Carneiro Viana, Eduardo Gomes Filho, Emílio Leite e Santo Tadeu Meneghetti.
Biologia – Maria José de Carvalho, Leonor Francisca Felice Machado e Geraldo Lázaro.
(*) texto publicado na coluna semanal deste jornalista em O Diário de Mogi, edição de 8 de junho de 2008.