LINHA 3 - VERMELHA
Enviado: 11 Jun 2008, 14:40
História
Linha 3 - Vermelha:
Mais uma vez, na sua história, o METRÔ paulistano é o resultado de uma curiosa sequência de atos de coragem e discussões acirradas distanciando-se do projeto inicial. A Linha 3 - Vermelha, então chamada de Linha Leste, deveria ter apenas 7 Km, ligando a Casa Verde a Vila Maria e deveria ser totalmente subterrânea.
O resultado foi outro: 3 vezes mais longa e com uma configuração totalmente diferente, a exemplo do que acontecia em São Francisco, México, Washington e Atlanta, foi projetada para ser construída na superfície, aproveitando o leito da via férrea da antiga Rede Ferroviária Federal. Assim, depois de um amplo debate, foi constituído um convênio pelo qual a Linha 3 - Vermelha teria direito a compartilhar um trecho de 23 Km de via férrea.
Estamos em 1972. A Linha "Nova Leste" como passou a denominar-se na época, teria, então, mais de 30 Km entre a Praça da Sé e Guaianazes, paralela aos trilhos da ferrovia. Posteriormente, seria construído o trecho Guaianazes-Calmon Vianna utilizando plenamente o leito ferroviário. O grande ganho desta alteração : um custo equivalente a 1/3 de orçamento original.
Em 1974, os problemas técnicos foram resolvidos com uma mudança do traçado original. A grande critica era de que o novo traçado era redundante e beneficiava áreas já servidas pela ferrovia.
Chegada do METRÔ ao bairro
do Brás, 1979
Entretanto, a concepção original da Linha 3 - Vermelha, a exemplo do que acontecia na Europa, integrava o transporte da população entre as redes metroviária e ferroviária. Transporte ferroviário expresso dos subúrbios até o METRÔ que se encarregaria do transporte urbano através de estações mais próximas e alta frequência de trens. A Linha 3 - Vermelha dependeria, portanto, da reabilitação e modernização da ferrovia, na qual não se havia investido desde o seu surgimento, no século XIX, com o apogeu das fazendas de café, o que, na verdade não ocorreu.
Novamente, os planos são alterados: O METRÔ vai ser construído até Itaquera, vizinho à ferrovia. A deficiência da rede ferroviária fez com que a Linha 3 - Vermelha já nascesse sobrecarregada. Era neste sentido que a cidade de São Paulo cresceria nos próximos anos.
Em 1975, já baseado em estudos de simulação das viagens da cidade, o METRÔ pode definir o trecho rumo ao Oeste. A decisão foi mais tranquila, as alternativas eram mais óbvias e a Estação da Barra Funda foi o ponto de encontro do METRÔ com a malha ferroviária (FEPASA e Estrada de Ferro Santos-Jundiaí).
A construção da Linha 3 - Vermelha, mais do que as outras, envolveu uma profunda renovação urbana, principalmente nas vizinhanças das estações, com a eliminação de trechos deteriorados da cidade. Isso acarretou, de um lado, nos enormes custos das desapropriações e numa infindável discussão, sobretudo na região do Brás, sobre a descaracterização da cidade.
Em 1976, as demolições dessas áreas degradadas, por sua vez, exigiu uma gigantesca operação sanitária de desratização e desintetização. Foi a maior operação realizada na América do Sul até a época, com 222 quarteirões envolvidos.
Assim, em 1979, foi entregue ao público o trecho que liga a Praça da Sé ao Brás e em 1988 a linha estava concluída.
O processo de urbanização foi de tal maneira importante que o METRÔ acabou constituindo uma espécie de prefeitura da chamada ZML (Zona METRÔ Leste).Canalização de córregos, construção de viadutos, de escolas e áreas de lazer, remanejamento de serviços públicos de esgoto, água, luz e telefone, reurbanização de áreas como o Largo Santa Cecília e a Praça da República, tudo passou a fazer parte do trabalho do METRÔ, na construção da Linha 3- Vermelha, que revitalizava esta área à medida em que ia avançando.
Estação República - Início das Obras
Se na construção da Linha 1 - Azul, já havia uma grande preocupação com a nacionalização, a Linha 3 - Vermelha foi muito além. Chegou até a construir um novo trem , especialmente projetado para rodar nos trilhos da nova linha. Nesse sentido, contou com a colaboração do GAPP, Grupo Associado de Pesquisa e Planejamento, escritório de pesquisa e projetos de engenharia, arquitetura e desenho industrial.
O meio universitário desempenhou, também, um papel preponderante, através da realização de convênios envolvendo instituições como UNICAMP (Universidade de Campinas), USP ( Universidade de São Paulo), IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e FDTE ( Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia ), os dois últimos ligados à Escola Politécnica.
Não só os equipamentos passaram a ser cada vez mais nacionalizados como também importantes ítens de tecnologia de ponta como testes de laboratório, sistemas de controle de falhas passaram a ser feitos no Brasil. Assim, em 1977, eram nacionais 100% das obras civis, 90% dos estudos e projetos, 100% da via permanente e 85% do material rodante.
Inovação, reurbanização e nacionalização foram, portanto, os pontos que nortearam a construção da Linha 3 - Vermelha, ligando hoje a Estação Barra Funda a Corínthians -Itaquera e, com seus 22 Km de extensão, 18 estações, transportando 282 milhões de passageiros por ano.
Linha 3 - Vermelha:
Mais uma vez, na sua história, o METRÔ paulistano é o resultado de uma curiosa sequência de atos de coragem e discussões acirradas distanciando-se do projeto inicial. A Linha 3 - Vermelha, então chamada de Linha Leste, deveria ter apenas 7 Km, ligando a Casa Verde a Vila Maria e deveria ser totalmente subterrânea.
O resultado foi outro: 3 vezes mais longa e com uma configuração totalmente diferente, a exemplo do que acontecia em São Francisco, México, Washington e Atlanta, foi projetada para ser construída na superfície, aproveitando o leito da via férrea da antiga Rede Ferroviária Federal. Assim, depois de um amplo debate, foi constituído um convênio pelo qual a Linha 3 - Vermelha teria direito a compartilhar um trecho de 23 Km de via férrea.
Estamos em 1972. A Linha "Nova Leste" como passou a denominar-se na época, teria, então, mais de 30 Km entre a Praça da Sé e Guaianazes, paralela aos trilhos da ferrovia. Posteriormente, seria construído o trecho Guaianazes-Calmon Vianna utilizando plenamente o leito ferroviário. O grande ganho desta alteração : um custo equivalente a 1/3 de orçamento original.
Em 1974, os problemas técnicos foram resolvidos com uma mudança do traçado original. A grande critica era de que o novo traçado era redundante e beneficiava áreas já servidas pela ferrovia.
Chegada do METRÔ ao bairro
do Brás, 1979
Entretanto, a concepção original da Linha 3 - Vermelha, a exemplo do que acontecia na Europa, integrava o transporte da população entre as redes metroviária e ferroviária. Transporte ferroviário expresso dos subúrbios até o METRÔ que se encarregaria do transporte urbano através de estações mais próximas e alta frequência de trens. A Linha 3 - Vermelha dependeria, portanto, da reabilitação e modernização da ferrovia, na qual não se havia investido desde o seu surgimento, no século XIX, com o apogeu das fazendas de café, o que, na verdade não ocorreu.
Novamente, os planos são alterados: O METRÔ vai ser construído até Itaquera, vizinho à ferrovia. A deficiência da rede ferroviária fez com que a Linha 3 - Vermelha já nascesse sobrecarregada. Era neste sentido que a cidade de São Paulo cresceria nos próximos anos.
Em 1975, já baseado em estudos de simulação das viagens da cidade, o METRÔ pode definir o trecho rumo ao Oeste. A decisão foi mais tranquila, as alternativas eram mais óbvias e a Estação da Barra Funda foi o ponto de encontro do METRÔ com a malha ferroviária (FEPASA e Estrada de Ferro Santos-Jundiaí).
A construção da Linha 3 - Vermelha, mais do que as outras, envolveu uma profunda renovação urbana, principalmente nas vizinhanças das estações, com a eliminação de trechos deteriorados da cidade. Isso acarretou, de um lado, nos enormes custos das desapropriações e numa infindável discussão, sobretudo na região do Brás, sobre a descaracterização da cidade.
Em 1976, as demolições dessas áreas degradadas, por sua vez, exigiu uma gigantesca operação sanitária de desratização e desintetização. Foi a maior operação realizada na América do Sul até a época, com 222 quarteirões envolvidos.
Assim, em 1979, foi entregue ao público o trecho que liga a Praça da Sé ao Brás e em 1988 a linha estava concluída.
O processo de urbanização foi de tal maneira importante que o METRÔ acabou constituindo uma espécie de prefeitura da chamada ZML (Zona METRÔ Leste).Canalização de córregos, construção de viadutos, de escolas e áreas de lazer, remanejamento de serviços públicos de esgoto, água, luz e telefone, reurbanização de áreas como o Largo Santa Cecília e a Praça da República, tudo passou a fazer parte do trabalho do METRÔ, na construção da Linha 3- Vermelha, que revitalizava esta área à medida em que ia avançando.
Estação República - Início das Obras
Se na construção da Linha 1 - Azul, já havia uma grande preocupação com a nacionalização, a Linha 3 - Vermelha foi muito além. Chegou até a construir um novo trem , especialmente projetado para rodar nos trilhos da nova linha. Nesse sentido, contou com a colaboração do GAPP, Grupo Associado de Pesquisa e Planejamento, escritório de pesquisa e projetos de engenharia, arquitetura e desenho industrial.
O meio universitário desempenhou, também, um papel preponderante, através da realização de convênios envolvendo instituições como UNICAMP (Universidade de Campinas), USP ( Universidade de São Paulo), IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e FDTE ( Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia ), os dois últimos ligados à Escola Politécnica.
Não só os equipamentos passaram a ser cada vez mais nacionalizados como também importantes ítens de tecnologia de ponta como testes de laboratório, sistemas de controle de falhas passaram a ser feitos no Brasil. Assim, em 1977, eram nacionais 100% das obras civis, 90% dos estudos e projetos, 100% da via permanente e 85% do material rodante.
Inovação, reurbanização e nacionalização foram, portanto, os pontos que nortearam a construção da Linha 3 - Vermelha, ligando hoje a Estação Barra Funda a Corínthians -Itaquera e, com seus 22 Km de extensão, 18 estações, transportando 282 milhões de passageiros por ano.