Olá pessoal,
sou novo por aqui! Espero poder ajudar, aprender e compartilhar informações sobre ferrovia com todos os amigos aqui!
Ressuscito o tópico já que foi a razão de eu ter me inscrito no fórum, e por ter várias informações da minha memória que podem acrescentar ao assunto.
Ajudando a esclarecer o mistério do local da Parada Itararé, quando era pequeno e viajava para a praia sempre ficava num prédio próximo ao Carrefour São Vicente, e via o TIM funcionando... até corria pra janela (onde tinha um "puff" para eu alcançar de enxergar por cima da janela hehehe) toda vez que ouvia a buzina do trem ou o sinal do cruzamento acionando...
Nessa foto que o amigo Lopes mandou, a Parada ficava no círculo à direita, onde hoje há só um pequeno telhado usado como estacionamento, junto a 3 árvores. Na época, era uma plataforma elevada, somente de um lado da via, com acesso por rampas dos dois extremos da plataforma, coberta com telhas de metal e estrutura do telhado e guarda-corpos pintados de amarelo (não me recordo, mas pode ter sido pintada de azul posteriormente, mas na inauguração certeza que era amarelo). As rampas eram de cimento, e o piso da plataforma era de algum tipo de madeira, talvez compensado, e não havia qualquer cobrança de tarifa. A parada não tinha a tradicional placa de identificação com altitude e distâncias, só uma placa, voltada para a Av. Mal. Deodoro escrito simplesmente "Itararé", e numa das entradas, uma tabela de horários do TIM, escrita numa placa azul com letras brancas. A parada tinha portões que eram trancados à noite, e vez ou outra se via ali um policial ferroviário, e só.
O TIM sempre passava sentido Ana Costa "empurrado" por uma RSD-8, e puxado por ela quando no sentido Samaritá. Em 95% das vezes, só circulavam Toshiba 5900 com a RSD-8... Indo para Ana Costa, a formação era sempre de um carro especial, daqueles com cabine, 2 carros simples e a RSD "de costas" para o carro especial... Um ano ou dois antes do fim do TIM, surgiram também um ou dois 5600, que mantinham o mesmo padrão operacional e composição que os 5900. Quando a RSD estava na cauda, ela nunca era comandada localmente (tinha uma adaptação, eu acho, que permitia que se acoplassem cabos de comando nela, para ser controlada pelas Toshiba da cabine na outra ponta).
Em raras ocasiões os Toshiba eram tracionados por RSD-8 comuns, vermelhonas. Nesses casos, não tinha muito padrão. A RSD podia empurrar ou puxar, mas sempre era comandada localmente. Quando empurrava, sempre ia alguém na cabine do Toshiba, e de alguma forma (que eu imagino só poder ser via rádio) comunicavam os comandos para o maquinista na RSD.
A linha era (ainda é) bitola métrica, e pelo menos no trecho entre a finada estação São Vicente (demolida) e a Ana Costa, nunca foi eletrificada - no período do TIM, pelo menos. No sentido Samaritá, após algum cruzamento de nível e antes da estação São Vicente, havia um AMV, mas nunca cheguei a saber se a partir dali e até Samaritá era via duplicada ou se era só um ramal de manobra da São Vicente (onde tinha/tem uma fábrica da Santa Marina por perto...).
Eventualmente as RSD do TIM tracionavam trens de passageiro "comuns" de Ana Costa até o pátio de Samaritá ou vice-versa. Desse ponto em diante as Fepasa "vermelhonas" assumiam o transporte na subida da serra (sempre que vi da Imigrantes eram U-20).
Curiosidades:
a) a cancela do sinaleiro era regularmente decepada por gente que vinha da avenida da praia "empolgada" com a velocidade...
b) ela era também arrancada com frequência por catadores de material reciclável... até que chegou o dia que de tanto terem que trocar o pau removeram do sinaleiro a cancela e travaram o motor e a articulação dos 2 sinaleiros com uns cabos de aço.
c) como uma antiga saída de pedestres do Carrefour ficava longe do cruzamento de nível, inventaram uma "pinguela" (literalmente uma ripa de madeira trocada periodicamente quando apodrecia e precisava ser trocada por alguém que nunca vi) por cima de um córrego que passa paralelo à via (hoje saneado). Por várias vezes as pessoas com compras corriam da saída do Carrefour para a pinguela cruzando a linha com o TIM acelerando enquanto saía da estação... e por vezes ele decepou perna de gente...
d) o último trem sempre partia de Ana Costa meia noite, e nunca demorava mais de duas horas. Tenho a impressão de que ele de fato demorava meia hora nos horários de pico, e uma hora nos demais, fora algum momento na tarde quando ele demorava um pouco mais. Essa escala de horários, apesar da impressão, era bem apertada, já que o TIM disputava a linha singela com os cargueiros e os trens de passageiro que subiriam a serra, e a Fepasa tinha essa via singela como único acesso ao porto por vias próprias na época.
e) quando era o último trem da noite de ano novo, o maquinista vinha com a buzina acionada o caminho inteiro até além de Itararé, já que ele passava pela praia onde todos comemoravam pouco depois da meia noite quando o foguetório e as comemorações ainda estavam acontecendo
f) uma única vez, provavelmente por falha de comunicação, um TIM ficou testa-a-testa com um cargueiro bem em frente ao Carrefour. Como o cargueiro ia sentido São Paulo e ainda tinha vagões saindo de uma curva fechada ao lado do morro, e o TIM mal tinha saído de Itararé, ambos conseguiram parar com folga. A partir daí o TIM "deu ré", creio que até a estação São Vicente, para permitir a passagem do cargueiro e então seguir viagem, parando novamente em Itararé.
É isso aí!
Abraços a todos
Fábio