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RFFSA - CBTU/STU-SP

História, estórias e debates diversos sobre nossa memória ferroviária.

Moderador: Caco


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Rafael Lopes
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Mensagem não lida por Rafael Lopes » 08 Jan 2010, 21:11

Um thread com fotos da Internet da operação desses trens!

Mafersa Série 900 na Luz. Crédito: Carlos Alberto Mendes
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Mafersa Série 700 em Caieiras. Créditos: Denis Fepasa
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Mafersa Série 700 em Paranapiacaba. Créditos; Denis Fepasa
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Budd/Mafersa Série 431 em Jundiaí. Créditos: Well 700.
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Chegou o primeiro Cobrasma reformado!!!!!!!


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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Rafael Lopes » 08 Jan 2010, 21:16

Eletrocarro Série 160. Acervo: Well 700.
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Budd/Mafersa Série 101 na Lapa. Acervo: Well 700.
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Budd/Mafersa Série 461 (Tang) em Caieiras. Crédito: Denis Fepasa.
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Tang no ABC Paulista.
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Rafael Lopes » 08 Jan 2010, 21:22

Trem Alvorada, partindo de Mogi das Cruzes. Acervo Estações Ferroviárias.
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Folder da chgada do Mafersa 900 em SP.
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Trem húngaro Ganz-Mavag, que fazia o percurso Santos X Luz. Acervo Estações Ferroviárias.
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A famosa Gualixo, da EFSJ.
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Rafael Lopes » 08 Jan 2010, 21:28

Dois Budds/Mafersas Série 101 e um Budd/Mafersa Série 431.
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Budd/Mafersa Série 431.
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FNV Série 400 (Chanceler). Autor não identificado.
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Budd/Mafersa Série 101.
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Rafael Lopes » 08 Jan 2010, 21:33

Budd/Mafersa Série 101 na Barra Funda.
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Dois FNVs Série 400.
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Budd/Mafersa Série 101 na década de 1980.
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FNV Série 400 na pintura da EBTU.
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Budd/Mafersa Série 431.
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Rafael Lopes » 08 Jan 2010, 21:35

Budd/Mafersa Série 101 na Luz.
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Budd/Mafersa Série 431 incendiado na Estação Jaraguá na década de 1980.
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Budd/Mafersa Série 431 acidentado próximo à Rio Grande da Serra.
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DNER
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por DNER » 11 Jan 2010, 12:57

Rafael Lopes escreveu:Dois Budds/Mafersas Série 101 e um Budd/Mafersa Série 431.
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Budd/Mafersa Série 431.
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FNV Série 400 (Chanceler). Autor não identificado.
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Budd/Mafersa Série 101.
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Prezado Rafael,

Quais são os sites em que voc conseguiu essas fotos????
CUIDADO COM O VÃO E ALTURA ENTRE O TRÊM E A PLATAFORMA!


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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Rafael Lopes » 11 Jan 2010, 15:09

DNER escreveu:
Rafael Lopes escreveu:Dois Budds/Mafersas Série 101 e um Budd/Mafersa Série 431.
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Budd/Mafersa Série 431.
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FNV Série 400 (Chanceler). Autor não identificado.
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Budd/Mafersa Série 101.
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Prezado Rafael,

Quais são os sites em que voc conseguiu essas fotos????

As duas primerias fotos em http://www.railbuss.com, na seção de Trens e na sub-seção RFFSA e na da EFSJ. Já as outras via GoogleImages.
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Inconfidente
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Inconfidente » 13 Jan 2010, 15:45

O série 400 usava a mesma carroceria dos atuais carros do metrô de BH, pelo jeito.


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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Haiser » 13 Jan 2010, 17:29

Acho que este tópico vai dar problema com a velha questão dos '' direitos autorais ..''

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HGP
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por HGP » 13 Jan 2010, 20:25

Está identificado na maioria das fotos... Ou a questão que não se refere a nós, mas a apropriação indevida de fotos de quartos por "terceiros"??? Well, Well....


Lopes
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Lopes » 13 Jan 2010, 21:51

Acredito que ele não seja tão velho à clicar o trem Hungaro ou qualquer outro da época da CBTU.

Deve ser que nem o Jardel...

Vê sem créditos, e mesmo que colocando " acervo ", subentende - se que as fotos são dele, arquivadas...

é esperar para ver... tnk
Rodrigo Lopes

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André Aquino
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por André Aquino » 08 Fev 2010, 02:29

Bitola Larga

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Bitola Métrica

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Editado pela última vez por André Aquino em 09 Fev 2010, 13:22, em um total de 1 vez.
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Rafael Lopes » 08 Fev 2010, 10:09

A segunda foto, da Gánz-Mavag ao lado do Mafersa 700, ficou show de bola!
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Landrail
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Landrail » 08 Fev 2010, 11:12

O Gánz-Mavag nunca foi da CBTU, ele fazia RIO<>SP e depois SP<> Santos.
Meu facebook, se for adicionar favor se identificar:
http://www.facebook.com/landerson.egg


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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Rafael Lopes » 08 Fev 2010, 22:15

Landrail escreveu:O Gánz-Mavag nunca foi da CBTU, ele fazia RIO<>SP e depois SP<> Santos.
Correto: por não ser trem suburbano não era operado pela CBTU.

Mas como este thread fala tanto da RFFSA-SP como da CBTU/STU-SP, dá para colocar.
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André Aquino
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por André Aquino » 09 Fev 2010, 13:37

Trens húngaros: — Uma história a ser contada
José Emílio Buzelin — Centro-Oeste n° 88 — 1°-Mar-1994

Na singular trajetória das estradas de ferro no Brasil, a década de 1970 apresenta aspectos bem interessantes, com a euforia de desenvolvimento — o chamado "milagre econômico" — patrocinada pelos governos da "Revolução" de 1964 e as empresas estatais, representando setores estratégicos da economia.

Era o caso da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA), no auge de seus 15 anos, debutando faustosamente em pleno Brasil do "ame-o ou deixe-o".

Eis o quadro ferroviário brasileiro daquele período:

*

RFFSA — Com 4 Sistemas Regionais e 14 Divisões Operacionais.
*

Fepasa — Recentemente criada (1971), com a missão de reunir as ferrovias do Estado de São Paulo numa administração única.
*

EF Vitória a Minas (da Cia. Vale do Rio Doce) — Época de chegada das locos DDM-45 da EMD-GM. Início de estudos para modernização da malha, com a implantação de sofisticado sistema de Controle de Tráfego Centralizado (CTC), com tecnologia japonesa.

Apresentava-se a RFFSA como grandiosa empresa, cuja modelar "modernidade empresarial" permeava sua imagem institucional junto à sociedade, investindo na ampliação e modernização dos serviços de transporte de passageiros de longo percurso — ao contrário do que se assistiria mais tarde.

Na sociedade brasileira da época, com poucas exceções, as classes dirigentes detinham salários elevados e um padrão de vida com sabor de "mundo desenvolvido" (hoje, "1° mundo"). A expectativa do "Brasil do futuro" era uma constante.

No setor de transportes, grandes realizações estavam programadas ou já em execução. As ferrovias pareciam estar em alta:

*

O País preparava-se para inaugurar o seu segundo sistema de metrô subterrâneo (Rio de Janeiro) em menos de 4 anos;
*

A remodelação do Ramal de São Paulo da Linha do Centro, com retificação do traçado, prometia viagens ferroviárias de menos de 5 horas entre as duas grandes metrópoles nacionais;
*

Outras obras regadas pelo ufanismo, como a Ferrovia do Aço — prometida para ficar pronta em menos de 3 anos, ou 1.000 dias — completam o cenário.

É nesse contexto que a ferrovia brasileira — representada por sua maior empresa — assiste à que foi, literalmente, sua última grande aquisição em equipamentos para o transporte de passageiros de longa distância.

Os trens húngaros — do auge à decadência — foram o ensaio do primeiro "trem-bala" tupiniquim.


Os carros Ganz-Mavag

O ano de 1973 marca a chegada das primeiras unidades, desembarcadas no porto do Rio de Janeiro na 1ª quinzena de dezembro.

De origem húngara, fabricados pela companhia Ganz-Mavag de equipamentos ferroviários, custaram Cr$ 50 milhões — incluídas peças sobressalentes para reposição — , conforme a Revista Ferroviária de 71/Dez.

A aquisição incluiu 12 trens-unidade diesel-hidráulicos (TUDH), assim distribuídos:

*

6 TUDHs para a 6ª Divisão — Central, bitola 1,60 m, cada um com capacidade para 216 passageiros
*

6 TUDHs para a 13ª Divisão — Rio Grande do Sul, bitola 1,00 m, cada um com capacidade para 120 passageiros

Na 13ª Divisão, iriam substituir o Minuano, ou "Trem Pampeiro".

Na 6ª Divisão, deviam substituir os carros e automotrizes Budd, prioritariamente no trecho Rio – São Paulo.

Na prática, porém, as coisas se passaram um pouco diferentes.

Na 6ª Divisão

Já batizados em definitivo como "Trens Húngaros", os carros Ganz-Mavag fizeram sua viagem inaugural de teste em 1974/Jan/25, entre D. Pedro II e Japeri, com a presença de autoridades governamentais e da RFFSA, destacando-se o então ministro dos Transportes, Mário Andreazza.

A partir de Março, os trens passariam a correr diariamente, saindo às 17h30 e chegando às 23h37, simultaneamente, no Rio e em São Paulo.

Mas a substituição dos carros Budd não ocorreu, e não foi mais cogitada.

Em 1975, a RFFSA apresentava as seguintes oções no ramal de São Paulo:

* 8h10 — Automotriz Budd
* 11h30 — Santa Cruz diurno, conhecido como DP-1, com um par de FA-1
* 17h30 — "Trem Húngaro"
* 23h10 — Santa Cruz, com SD-38

Bons tempos?

Havia um motivo para esta "variedade".

A RFFSA estabeleceu como prioritária a conclusão da melhoria do Ramal de São Paulo, interrompida havia anos — ainda nos planos desde a EFCB, em 1952!

A conclusão de inúmeras variantes, com profunda correção geométrica do perfil do traçado — rampas mais suaves e curvas de raio mais aberto — trouxe à empresa uma chance de explorar sua imagem em concordância com a mentalidade desenvolvimentista.

De fato, as automotrizes Budd — assim como o Trem Húngaro — chegaram a cumprir a meta de testar a "alta velocidade" na nova Rio – São Paulo, mas por breve período.

Para a formação das 6 composições do Ramal de São Paulo, vieram os seguintes carros:

* 12 carros-motor, cada um com capacidade para 40 passageiros
* 6 carros-reboque buffet, cada um para 60 passageiros
* 6 carros-reboque poltrona, cada um para 76 passageiros

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Carro Motor Carro Buffet Carro Poltrona Carro Motor

Cada TUDH era formado de acordo com o esquema demonstrado na Figura acima.

A Tabela I(http://vfco.brazilia.jor.br/TU/dhung/hungarot.htm) descreve os carros e suas séries correspondentes.

As letras de classificação A, B e C seriam meramente para identificá-los perante os passageiros, de acordo com a acomodação adquirida: — Poltrona no carro-motor, no carro-buffet, ou no carro-poltrona.

As letras eram fixadas de forma permanente, junto às portas de acesso, no lado externo, em placas de metal em alto-relevo; e pintadas em vermelho para imediata visualização.

O Trem Húngaro inaugurou o serviço de buffet em trens completos — antes existente apenas nas RDC-2 por adaptação.

Mais tarde, os carros Budd cauda e 1ª classe / 56 passageiros ganhariam instalações adaptadas para este fim — ao contrário do Húngaro, cujos carros vieram de fábrica com o discreto bar-buffet nos da série (par) MR-200.

O conforto e o design sofisticado do interior dos carros atendiam às expectativas do usuário, e foram um dos principais alvos da propaganda da "Refesa", inclusive comparando-os às instalações arrojadas de um Boeing.

O "avião sobre trilhos" oferecia ar-condicionado, isolamento acústico, janelas panorâmicas, portas integrais e absoluta estabilidade.

De 1974 a 1978, esta era mais uma opção de viagem Rio – São Paulo.

Na prática, porém, começaram a aparecer alguns problemas, que condenariam em definitivo a utilização do equipamento.

Tudo parecia absolutamente perfeito, não fosse um detalhe revelado com o tempo: — O projeto Ganz-Mavag foi dimensionado para trechos planos.

É o caso do Ramal de São Paulo, sem dúvida. Mas não é o caso do famoso trecho de subida da Serra do Mar, de Japeri a Barra do Piraí — passagem obrigatória entre a baixada fluminense e o vale do Paraíba, a caminho de São Paulo ou Minas Gerais —, que colocou em xeque o nosso "trem-bala".

Vencer o trecho da serra passou a ser uma preocupação à parte. Quanto não desenvolvia baixíssima e incômoda velocidade, o auxílio de uma locomotiva fazia-se necessário. Creio que não foram raras as vezes em que uma Siemens "Pão-de-fôrma" ou uma SD-38 entraram em cena para levar o Húngaro até Barra do Piraí.

Tinha a Rede, portanto, um problema a resolver. E resolveu, adotando a clássica decisão de retirar o trem Húngaro da linha Rio — São Paulo.

Mas não saíram totalmente de circulação.

Em 1977 são transferidos para a SR-4 (Santos a Jundiaí) para prestarem suas qualidades entre São Paulo e Santos, via cremalheira, em viagens diárias — inauguradas em 77/Jul/09 — com partidas simultâneas às 7h45 e às 18h30.

É curioso, inclusive, que os mesmos trens tenham feito o trajeto São Paulo – Campinas – Rio Claro, servindo de conexão para o Bandeirante, que ligava Brasília a Campinas.

Mesmo na SR-4 o Húngaro não deu certo — mas agora, também por outra questão de ordem técnica: A mecânica Ganz-Mavag mostrou-se pouco resistente nas condições brasileiras.

A todo momento apareciam novos inconvenientes com peças cuja reposição tornava-se cada vez mais difícil, pois o material já era obsoleto na origem.

Além disso, havia sido concebido segundo a padronização industrial dos países da "cortina-de-ferro" — cada País comunista produzindo determinadas partes e componentes —, dificultando a obtenção de peças de reposição, e inviabilizando o intercâmbio com outros equipamentos usados no Brasil.

Os anos 80 se aproximavam e, com eles, mudanças na postura do governo.

A RFFSA passa a sustentar argumentos opostos aos que inspiraram o investimento no transporte de passageiros — agora considerado deficitário em quaisquer circunstâncias —, levando à gradual redução e suspensão dos trens de longo percurso.

A situação a que havia chegado o equipamento Ganz-Mavag era um convite ao total esquecimento de seus gloriosos serviços.

E foi o que aconteceu. Desativados da linha São Paulo – Santos, perdiam naquele momento o seu propósito.

Definitivamente locados em pátios como o da Barra Funda ou o depósito da Luz, foram abandonados à sorte.

As poucas unidades ainda em condições operacionais foram transferidas para a baixada santista, onde — até com certo sucesso — foram aproveitadas pela Cia. Siderúrgica Paulista (Cosipa), de Cubatão, para realizar o transporte gratuito de seus funcionários entre a usina e Santos.

Do minucioso cuidado no abrigo de São Diogo, do eng° Luiz Antônio Flutt (cujo trabalho devemos respeitar), ao total abandono no depósito da Luz, os Húngaros da 6ª Divisão — Central garantiram seu lugar na história.

Uma história curta, de apenas 20 anos, mas suficiente para começarmos a pensar na preservação de pelo menos um trem completo — de preferência, respeitado o padrão de pintura que foi sua marca registrada, com faixas e mosaicos em azul metálico sobre fundo cinza-prata, inscrição original "RFFSA" em azul, e barramento em amarelo-ouro, tendo na parte frontal uma inconfundível logomarca em disco com a inscrição "RFFSA" em preto sobre fundo amarelo.

O símbolo da Rede, também em amarelo, destacava-se nas laterais.

Alguns carros ainda podem ser vistos no depósito da Luz, relativamente apresentáveis. Cogitou-se recuperá-los para o percurso São Paulo – Aparecida, mas a idéia não foi levada adiante.

Desconheço se os demais ainda operam na baixada santista, a serviço da Cosipa.

Rio Grande do Sul

Da mesma remessa desembarcada em 1973 / 1974, seis TUDH de bitola 1,00 metro seriam destinados ao Sistema Regional Sul, para a 13ª Divisão — Rio Grande do Sul, onde substituiriam o famoso trem Minuano, ou Pampeiro, que desde 1952 fazia o serviço entre Porto Alegre e Uruguaiana.

A propósito do uso do Húngaro na Cosipa, a Revista Ferroviária de 87/Fev revela que 1 dos 6 TUDH destinados ao Rio Grande do Sul foi gravemente avariado por uma tempestade na passagem do canal da Mancha, de modo que só 5 foram recebidos pelo Brasil.

A imprensa da época parece não ter noticiado este fato.

Com capacidade total para 120 passageiros, cada TUDH, não apresentavam maiores diferenças em relação aos TUDH de bitola larga.

Ao pesquisar junto à Unidade de Documentação da SR-2 para este trabalho, observei que as publicações dos anos 70 pouco falam dos trens destinados ao Sul.

Com menos alarde, os Húngaros da 13ª Divisão viveram uma realidade bem diferente.

Com o mesmo padrão de conforto dos da Central, os Húngaros da 13ª Divisão tiveram trajetória mais estável, circulando por 13 anos entre Porto Alegre e Uruguaiana — trecho de características planas, adequado ao projeto do equipamento — como "noturno".

Em 1987, a SR-6 decide suspender as viagens, alegando absoluta falta de peças de reposição.

A possibilidade de repotenciar (e nacionalizar) os Húngaros foi estudada, mas os custos — considerados proibitivos — afastaram essa idéia.

Condenados ao desaparecimento, a salvação dos Húngaros gaúchos veio do Nordeste: — O governo do Piauí decidiu implantar um serviço urbano em Teresina, para veículos leves sobre trilhos (VLTs) que seriam fornecidos pela Materfer argentina. Faltaram recursos, entretanto, e surgiu a idéia de empregar os carros Ganz-Mavag que estavam parados em Porto Alegre.

Acertada a transferência da SR-6 para a SR-11, os trens-unidade foram reformados pela empresa cearense Embrametra e postos em operação em Teresina (http://vfco.brazilia.jor.br/TU/dhung/hu ... resina.htm) em 1991.

Não há dúvida de que, de todas as unidades, estas tiveram um fim mais nobre

Bibliografia

* Anuário das Estradas de Ferro — 1972 a 1976
* Ferrovia — 77/Jul
* Folhas de álbum da 6ª Divisão — Central
* Rede Notícias — 1974
* Refesa — 73/Out, Nov, Dez
* Revista Ferroviária — 71/Dez, 87/Fev, 91/Jan
* Revista RAE — Ass. dos Eng° da EFCB — 73/Dez

Agradecimentos

* À Associação Mineira de Ferreomodelismo, pelo acesso à sua biblioteca
* À Unidade de Documentação da RFFSA / SR-2, Belo Horizonte

Serviço faria 20 anos este mês
Centro-Oeste n° 88 — 1°-Mar-1994

Completam-se este mês 20 anos do início da operação dos trens húngaros entre o Rio de Janeiro e São Paulo (DPE-1 às 17h de 74/Mar/11).

Foi uma carreira curta, menos de 2 anos, pois em 76/Mar/04 fizeram a última viagem nesta linha (DPE-2 às 17h).

Em 76/Mar/05 foram entregues à 4ª Divisão – Santos a Jundiaí.

Segundo pesquisa realizada em 1976 por Leila Escobar (SR-3), em 76/Ago/02 os trens húngaros começaram a circular entre São Paulo e Campinas, operados conjuntamente pela Fepasa e RFFSA — com saídas diárias da Luz às 7h45, 11h30 e 18h25; e de Campinas às 7h10, 12h e 18h.

A passagem custava Cr$ 20 no percurso total; Cr$ 15 de São Paulo a Jundiaí; e Cr$ 10 de Jundiaí a Campinas.

A partir de 76/Nov/08, o percurso foi estendido a Rio Claro, partindo da Luz às 7h15, 10h30 e 18h25, com paradas em Jundiaí, Campinas, Sumaré, Americana, Limeira, e chegadas às 9h47, 13h10 e 20h56.

De Rio Claro, partia às 5h25, 10h35 e 16h45, devendo chegar à Luz às 8h27, 13h17 e 19h17.

A propósito dos trens húngaros do Sul, a pesquisa, localizada por José Emílio Buzelin, acrescenta apenas que em 76/Ago ainda circulavam entre Porto Alegre e Uruguaiana.

Quanto às unidades da Central, informa que foram desembarcadas do Lóide Nova Iorque no cais do porto do Rio de Janeiro em 73/Out/31.

O lote completo (larga e métrica) custou "aproximadamente Cr$ 50 milhões incluindo as peças sobressalentes, no ano de 1970" (FRC).

Trem Húngaro - Características
SR-6 / RFFSA

"Esta composição que o está transportando é denominada Trem Unidade Diesel. Fabricada na Hungria pela indústria Ganz-Mávag, passou a operar no Rio Grande do Sul, juntamente com outras 4 unidades, em 1975, no transporte de passageiros.

"Considerado um trem de luxo, o Trem Húngaro, como ficou conhecido pelos gaúchos, atualmente faz a linha Porto Alegre a Uruguaiana em 12 horas, cobrindo um percurso de 690 km, diariamente. Nos fins-de-semana, a RFFSA o coloca à disposição dos organismos de turismo para a realização de viagens de excursão.

"Dotado de um sistema de climatização que mantém a cabine em condições de conforto em qualquer estação do ano, este trem dispõe ainda de poltronas reclináveis e amortecedores, além de serviço de bar e restaurante.

"O trem Ganz-Mávag é composto de 2 carros-motores e 2 carros intermediários, podendo este número ser elevado para 4 (intermediários). Em cada carro-motor podem viajar 16 passageiros; no carro B (onde se localiza ainda o bar e restaurante), 48; e no carro C, 56 passageiros.

"Características técnicas"

* "Motor - Diesel MAN - 12 cilindros em “V” (2 motores)
* "Potência - 800 HP (cada motor)
* "Os motores funcionam a um só comando
* "Velocidade máxima - 105 km/h
* "Velocidade de cruzeiro - 70 km/h
* "Consumo de combustível - 1 litro/km
* "Combustível - Óleo diesel
* "Transmissão - Hidráulica automática de 3 marchas
* "Freio - Sistema de freio a ar comprimido Westinghouse

"Boa viagem!"

P. S.: Este folheto era distribuído a todos os viajantes no início da operação dos trens húngaros. Foram, realmente, 5 unidades, conforme no CO-88/20 (Adalberto Antiqueira, CO-91).

Fonte: http://vfco.brazilia.jor.br/TU/dhung/hungaro.htm; http://vfco.brazilia.jor.br/TU/dhung/hungarob.htm


:X:
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Lopes » 09 Fev 2010, 16:34

Belo relato!

Mas, aquelas composições que rodam no sistema de Terezina, são húngaros também não é?

Pelo menos, aqueles trens, lembram. :^:
Rodrigo Lopes


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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Rafael Lopes » 09 Fev 2010, 19:56

Lopes escreveu:Belo relato!

Mas, aquelas composições que rodam no sistema de Terezina, são húngaros também não é?

Pelo menos, aqueles trens, lembram. :^:
Sim, são Gánz-Mavag mas não as mesmas que rodaram por aqui.
Chegou o primeiro Cobrasma reformado!!!!!!!


Landrail
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Re: RFFSA - CBTU/STU-SP

Mensagem não lida por Landrail » 11 Fev 2010, 10:30

Os trens de Teresina são do Rio Grande do sul de bitola metrica.
Achei bem lerdinho a velocidade de cruzeiro dos ganz mavag, os BUDD´s RDC automotriz chegavam fácil aos 110 km/h no ramal.
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