Perto do leilão e diante do desinteresse dos brasileiros,asiáticos se armam por trem-bala
Bruno Rosa e Henrique Gomes Batista
O trem de alta-velocidade brasileiro,antigo sonho de ligação rápida entre Rio e São Paulo,entra em fase crucial e as negociações para a formação de consórcios aumentam.O leilão está previsto para o dia 2 de maio.Mas quem acompanha as negociações diz que o trêm-bala tem atraído,até agora,muito mais investidores estrangeiros,especialmente asiáticos.Diante da falta de interesse de grandes grupos nacionais,chineses e coreanos se armam para ganhar o direito de explorar o trem por 40 anos,arcando com os custos da construção.Do Brasil,até agora só o frigorífico Bertin anunciou interesse no projeto e pode entrar em parceria com os coreanos.Em contrapartida,os fabricantes da China estariam negociando para serem os fornecedores de outras modalidades de transporte,como Metrô e trens.
Para alguns,pode ser a primeira grande obra sem as tradicionais construtoras nacionais na liderança.Incrédulos,os brasileiros atentam mais para os riscos do trêm-bala,que segundo eles,são grandes,capazes de deixar o projeto,mais uma vez,no papel.Pesam as incertezas sobre os custos do projeto e o receio de uma guerra judicial para a obtenção de licenças ambientais e desapropriações de terras.
-Globalmente,os chineses são os únicos que podem encarar uma obra desse porte.Eles têm dinheiro e tecnologia.O resto,como o interesse de coreanos,é só especulação.Pelo que conversamos com as construtoras brasileiras de grande porte,não há interesse algum-afirmou o diretor de uma empresa global de trens.
Custos ambientais preocupam
Segundo uma grande construtora,não há garantia de demanda.Outro aspecto criticado pela empreiteira é que não se discute a relação de preços entre ônibus e aviões.
-Será que vai haver alguma regulamentação em relação ao preço?-questiona uma das empreiteiras.
Mas isso parece não intimidar os chineses.Segundo uma fonte ligada ao governo,eles são ''os mais interessados'' em entrar no projeto:
-O que eles têm demonstrado é que parte dos subsídios dispensados ao trêm-bala voltariam com a venda de vagões e locomotivas para outras modalidades terrestres.
Para executivos mais pessimistas,o valor do trêm-bala,quando as obras começarem,será estourado em,pelo menos,R$10 bi.,por conta de custos ambientais e de desapropriação.Para que o projeto saia do papel,há quem defenda a idéia de se construir o trêm-bala em trechos e não realizar as obras de uma só vez.
Nos principais fundos de pensão do país,o assunto ainda nem entrou na pauta.A Petros,dos funcionários da Petrobrás,informa que é necessário analisar tecnicamente o projeto para avaliar a possibilidade de investimento,assim como outras companhias.
Além do custo do projeto,o professor da Coppe/UFRJ,Richard Stephan,ressalta o aspecto tecnológico.Para ele,o ideal é investir em modelos de levitação magnética,como os da China,e não em tradicionais.
-Trêm-bala sobre trilhos existe no Japão há 50 anos.O governo não pode investir em um supermodelo de máquina de datilografar digital,enquanto o futuro já sinaliza os computadores-compara o especialista,que ameaça entrar na Justiça se o edital do governo,previsto para março,restringir novas tecnologias.
O diretor-executivo da Associação Nacional de Transportes Ferroviários(ANTF),Rogrigo Villaça,acredita que os desafios são muitos.Ele ressalta que o projeto pode representar um salto na qualidade das obras públicas.
-O governo pode aproveitar essa para criar um novo padrão de obras,com prazos e orçamentos cumpridos.Para isso,terá que resolver de maneira inteligente as questões ambientais.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres(ANTT) rebate as críticas informando que foi feito um longo trabalho de análise do projeto,que vai embasar todo o modelo do negócio.Em nota,a agência diz que a viabilidade do projeto está assegurada.O órgão lembra que o BNDES financiará 60% das obra,além de estar prevista uma participação governamental:''Caberão à União todas as atividades de desapropriação e reassentamento referentes às áreas do traçado,estações,oficinas e pátios do trêm de alta velocidade.O valor associado a estas atividades foi orçado em R$2,26 bilhões'',informou a ANTT.lembrando que a União deverá aportar R$1,13 bilhão para a concessão.
Porém as oportunidades para as companhias do setor vão além do trêm-bala.O interesse-dos chineses,por exemplo-ganha alento,já que,hoje,cerca de 80% da frota ferroviária precisa ser renovada no Brasil.E o Rio,sede dos Jogos Olímpicos em 2016,terá participação importante.Delmo Pinho,subsecretário dos Transportes do Estado,lembra que está prestes a sair do papel a estrada de ferro que vai ligar o Norte Fluminense,passando por Minas Gerais,e o Centro-Oeste do país:
-Também vamos melhorar as linhas do trêm e expandir o Metrô.
Fonte:Jornal O Globo,Domingo,21 de fevereiro de 2010,pág.25,seção Economia.
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[Notícia] Disputa sobre trilhos
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[Notícia] Disputa sobre trilhos
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Re: [Notícia]Disputa sobre trilhos.
A teimosia de grande parcela do brasileiro, de só empreender iniciativas "sensacionaaaais" em empreendimentos faraônicos é responsável por isto.
Pessoas de porte no segmento não acreditam no projeto, ou mesmo (como eu), pensam numa ferrovia de média velocidade, que obviamente não tem o mesmo custo de um TAV e não têm o mesmo custo de se construir uma LGV.
Parece que uma opção menos rápida mas igualmente interessante em termos de transporte, comuma ferrovia moderna, nova e com toda a infra estrutura de sinalização e engenharia modernas, "não vale a pena".
Pessoas de porte no segmento não acreditam no projeto, ou mesmo (como eu), pensam numa ferrovia de média velocidade, que obviamente não tem o mesmo custo de um TAV e não têm o mesmo custo de se construir uma LGV.
Parece que uma opção menos rápida mas igualmente interessante em termos de transporte, comuma ferrovia moderna, nova e com toda a infra estrutura de sinalização e engenharia modernas, "não vale a pena".
Re: [Notícia]Disputa sobre trilhos.
Então coloca dois BUDD´s RDC que já na década de 60 circulavam a 110km/h e o melhor, não precisa construir 1 km de linha e uma platafoma de estação se quer.
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Re: [Notícia]Disputa sobre trilhos.
O problema é que eles estão muito aquém da velocide mínima em que trafegaria o TGV. Mas não é de se descartar, afinal, se quiser ir rápido, vá de avião, pois o serviço do TGV vai ser caro.
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Re: [Notícia]Disputa sobre trilhos.
Só basta ver o que o engenheiro da Coppe deseja,afinal na situação atual brasileira,que o projeto atual já vai ser um custo do cacete,já foi difícil fazer chegar as licitações e querer MagLev,ao ponto de entrar na Justiça se o edital de licitação ''não aceitar novas tecnologias''?!?!AGV escreveu:A teimosia de grande parcela do brasileiro, de só empreender iniciativas "sensacionaaaais" em empreendimentos faraônicos é responsável por isto.
Faça-me o favor sr.engenheiro,aí sim não teríamos nem meio metro de TAV Rio-São Paulo!!!!!!
Acho que a inciativa é ótima,o projeto está sendo bem elaborado e espero e torço para que tudo saia dentro dos conformes,afinal é vitalíssimo para o desenvolvimento brasileiro uma ligação alternativa de velocidade entre Rio e São Paulo que não seja a ponte aérea.
E convenhamos,na situação atual brasileira,onde chamam de Metrô um certo sistema de trens a diesel em bitola métrica com trens húngaros da extinta RFFSA,o TAV brasileiro merece a nomenclatura de Trem de Alta Velocidade,por mais que,comparado aos clássicos sistemas europeus e asiáticos,fica devendo em velocidade.
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Re: [Notícia] Disputa sobre trilhos
Há um certo consenso no meio de que seria muito mais viável construir linhasdemédia velocidade a um custo menor.
Na minha opinião, também penso assim. Não mesinto "empolgadíssimo", sinceramente não sei dizer o porquê. Mas se o TAV sair, que seja muito bem vindo.
Será uma grande vitrine para o setor.
Na minha opinião, também penso assim. Não mesinto "empolgadíssimo", sinceramente não sei dizer o porquê. Mas se o TAV sair, que seja muito bem vindo.
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