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"Sem" anos de lentidão

Discussões sobre Projetos e Obras em andamento, e também propostas de novos projetos.

Autor do tópico
Francis
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"Sem" anos de lentidão

Mensagem não lida por Francis » 17 Mar 2011, 11:01

Excelente análise técnica sobre planejamento de transportes.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/jo ... idao.shtml

"Sem" anos de lentidão

Vencida a semana de Carnaval, o trânsito desabou sobre nós, em São Paulo. Deu na Folha.com:143 km de filas, recorde do ano. O trânsito é uma desgraça anunciada que, na cabeça das pessoas, é insolúvel. Não é assim. Poderia ser diferente.

São Paulo já colapsou. A cidade não precisa parar. Nunca vai parar. O trânsito escoa, de alguma forma, pois as pessoas querem chegar ao trabalho, à escola, ao hospital. Por isso, em algum momento, os carros atingem seus destinos e as vias esvaziam-se.

Dizer que São Paulo vai parar é uma forma de expressão, uma figura de linguagem. Na prática, o que acontece é que o trânsito fica cada vez pior. Vamos levar mais tempo para alcançar o destino. Isso é justamente a negação do transporte eficaz. Nele, o objetivo é diminuir, cada vez mais, a distância entre dois pontos.

São Paulo já parou, no sentido figurado da frase. O tempo que demoramos para nos deslocar é demasiado, incerto e estressante --quer pior? E vai piorar se não tomarmos providências. Algumas singelas, mas em um conjunto sinérgico que tenha a dimensão do problema.

Não há bala de prata nem solução fatal, única. Também não adianta ficarmos criticando enquanto as soluções a ser aplicadas estiverem em andamento, a proporcionar uma sensação de niilismo permanente.

O trânsito demorou 100 anos para chegar onde estamos. Certamente, o gargalo na porta do Teatro Municipal, em 1911, não incomodou o resto dos paulistanos que curtiam o crescimento da cidade de 230 mil habitantes. Não será num passe de mágica que irá desaparecer.

Cobrar é participar. Só cobrar é omissão. Não é porque o poder público falha que vamos abrir mão de construir a solução. Também não vamos aliviar, pois a solução para o pior problema no dia a dia do paulistano está muito mal encaminhada. Medidas paliativas não resolvem.

O trânsito virou um mal crônico que aceitamos resignados. Como o recém-diabético que, docemente constrangido, toma metformina para conviver com a afecção.

Chega de enrolação.

PROPOSTA

A política pública mais importante para o trânsito não é o metrô. Não é o transporte de massa como boa parte pensa. É o uso do solo, em especial a política habitacional. Colocar a residência o mais próximo possível do emprego, ação já tentada no início da industrialização na cidade com as vilas operárias que eram erguidas junto às fábricas. O jeito não era legal com vilas confinadas, mas o objetivo sim.

Hoje, há regiões, como a da Barra Funda, (oeste), com quase 9 empregos por habitante, e Sé (centro), com 10; enquanto em Guaianases e Vila Curaçá (leste) e Parelheiros (sul) há 1 emprego para cada 5 moradores. O plano-diretor é pouco discutido e mal utilizado. Ilustre desconhecido.

O metrô é a segunda política mais relevante. Precisamos chegar a 400 km de metrô, para começar a aliviar. É possível, em quatro anos.

Depois, medidas de base e de engenharia de tráfego para diminuir logo as filas, a serem tomadas em conjunto:

1 - Reprogramação semafórica

A maioria dos semáforos está com programação errada. Reprogramação com conexão entre semáforos em rede. Colocar para funcionar, de fato, os semáforos inteligentes, já existentes.

Pode-se iniciar pelos 600 semáforos mais importantes.

2 - Política de estacionamento

A fluidez melhoraria na hora, como num apertar de botão, pois as vias ganhariam faixas adicionais instantâneas. Mas, para fazer isso deve se levar em conta o comércio, a demanda por vagas. Precisam ser construídos prédios de estacionamento, garagens subterrâneas e bolsões, principalmente ao lado do transporte de massa. Os estacionamentos ajudam também a restringir o uso do carro. O cidadão vai de carro até a estação mais próxima da rede de metrô. Pedágio não é a única forma de restrição ao carro.

3 - Impedir polos de atração e estacionamento nas vias principais

Permite-se a instalação de escolas novas, onde os carros param em fila dupla em ruas fundamentais. Erro crasso.

4 - Projetos geométricos de médio porte

Para facilitar a fluidez, levando em conta sempre a possibilidade de ciclofaixas, onde couber. A bicicleta ajudaria muito na restrição ao carro como modal alternativo. Um sistema cicloviário é decisivo.

5 - Restauração do leito carroçável

Principalmente nas faixas de ônibus, hoje em estado lamentável, o que diminui a velocidade média. Além de projetos de adaptação de traçado e correções de inclinação de curvas(retirar inclinações negativas).

6 - Prioridade total ao transporte coletivo

Mais corredores de ônibus, com operação e ultrapassagem, onde não haja demanda para metrô. Retirada paulatina de viário do automóvel em benefício do coletivo, como é feito em Paris.

7 - Engenharia de tráfego na rua

E não só marronzinhos e radares a multarem. A operação deve ser do engenheiro. Ele tem que viver o dia a dia e corrigir "in loco" vários problemas o que só a observação permite.

8 - Sistema de Remoção

Presença permanente e sistemática de guinchos, em quantidade suficiente e que seja do conhecimento de todos. Quebras e colisões sem vítimas fatais rapidamente sanadas.

9 - Pintura de faixas

Definição clara de faixas de circulação para evitar que carros andem ocupando mais de uma faixa.

10 - Sistema de transporte em rede

Metrô, ônibus, vans, carros, motos e bicicletas têm funções diferentes. Devem se conectar respeitando a hierarquia. Ônibus se adaptam ao metrô; vans e carros a ônibus, e assim por diante. O sistema deve levar em conta o todo e não os interesses de cada modal.

Se essas medidas de base e de tráfego forem aplicadas simultaneamente, em 12 meses, as filas recuarão de 30% a 35%. Para aumentar a eficácia do todo, principalmente das grandes políticas de transporte, a única saída é a Autoridade Metropolitana de Transporte.

Para anos "sem" lentidão é preciso coragem. Coragem e suor.

São Paulo pode ter um trânsito melhor.

DISTRITO POPULAÇÃO EMPREGOS TAXA DE ATIVIDADE
BARRA FUNDA (centro) 10.866 88.900 8,18
REPÚBLICA (centro) 43.080 201.619 4,68
SÉ (centro) 16.837 167.135 9,93
GUAIANASES (leste) 108.757 23.060 0,21
PARELHEIROS (sul) 135.068 29.132 0,22
TREMEMBÉ 181.555 41.860 0,23
VILA CURUÇÁ (nordeste) 160.225 32.996 0,21

Fonte: Pesquisa OD - Metrô 2008

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AGV
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Re: "Sem" anos de lentidão

Mensagem não lida por AGV » 17 Mar 2011, 14:55

Além do quê, não se ficar com "ora pórém, peraí, vamos ver", etc, toda vez que se cogita em construir 1m de linha a mais de transporte sobre trilhos.

Ou será que no eixo da Av. M Boi Mirim, aqui em SP, "não precisa"? <_<


Sem falar de linhas que mais parecem que vão levar o homem a marte, pelo nível e tempo de "testes".

No caso da última, alguma decisão errada se tomou... <_< Sendo elegante....

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André Vasconcellos
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Re: "Sem" anos de lentidão

Mensagem não lida por André Vasconcellos » 17 Mar 2011, 16:00

app app

Não só em SP, no Rio começa a se ver cenário semelhante, graças também a comodismos e desinteresse dos carioas com integrações e baldeações entre modais. nnoo
O amor nos conecta...

Droga, estou offline!


Pablo ITT
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Re: "Sem" anos de lentidão

Mensagem não lida por Pablo ITT » 01 Abr 2011, 16:00

O ÔNUS DA LENTIDÃO

2 bi de reais só em São Paulo por ano é o que custa aos cofres da nação, esta matéria tenho arquivada e já postei aqui só não me lembro onde, (PVC).
Se somarmos com as demais RM do Brasil imaginem o valor.

:brrb:

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