Passageiros ficaram 40 minutos trancados no metrô, pico de energia afetou aeroporto e bloqueios deram um nó no trânsito no Centro
Rio - A segunda-feira foi caótica para aqueles que precisaram se deslocar pela cidade. No metrô, no trem, no Aeroporto Santos Dumont e nas vias do Centro, os cariocas viveram seu dia de fúria sob calor que chegou a 36 graus. Quatro estações do metrô fecharam, as demais superlotaram e passageiros encararam momentos de desespero trancados por até 40 minutos nas composições, sem informação sobre o que ocorria. Os problemas no Rio foram informados em tempo real pelo serviço no Twitter @odia24horas .
Os que optaram por ônibus ou carro sofreram com as interdições e inversões de mão nas ruas do Centro para obras do Porto Maravilha — o engarrafamento chegou ao Aterro do Flamengo, Ponte Rio-Niterói e Avenida Brasil.
'Filme de terror'
“Parecia filme de terror. O metrô ficou parado entre as estações e ninguém dizia o que estava acontecendo. As pessoas ficaram desesperadas batendo nos vidros. Teve gente que desmaiou. Tentamos falar no mecanismo de emergência, mas ninguém respondia. Algumas pessoas mudaram de vagão pelas portas das composições para tentar informação”, conta o comerciante Rodrigo Henriques, 31, que ficou parado entre Catete e Largo do Machado. Ele saiu encharcado de suor.
Mãe de Rodrigo, Rosana Andrade, 50, é hipertensa e teve que ser amparada: “Achei que ia morrer, foi um horror. O metrô estava tão cheio quando deu o problema que as pessoas não conseguiam se mexer. Estava difícil respirar. O ar condicionado não deu vazão e ficou muito quente”.
A série de problemas no metrô começou por volta das 8h50. Passageiros que seguiam para a Pavuna precisaram desembarcar na Glória por causa de um defeito na porta da composição. Pouco depois, na estação Central, outro trem apresentou avarias e causou atraso nas viagens.
Sem visão
O problema mais grave ainda estava por vir. Por causa de pane no sistema de sinalização automática, as estações Cardeal Arcoverde, Siqueira Campos, Cantagalo e General Osório fecharam entre 10h50 e 11h20. O intervalo entre os trens chegou a 12 minutos.
“Fiquei mais de meia hora entre as estações Siqueira Campos e Cardeal Arcoverde. Como a sinalização ainda não tinha voltado, a condutora disse que iria visualizar a próxima a olho nu”, conta o advogado Nelson Mendes, 27.
Viagem termina em caminhada na linha férrea
Problemas técnicos também atingiram um trem da SuperVia que seguia de Santa Cruz para a Central do Brasil. Mais uma vez, os passageiros tiveram que desembarcar da composição e caminhar cerca de 400 metros nos trilhos até a estação mais próxima.
A falha no sistema elétrico foi identificada às 15h39, próximo à estação Central. Mais cedo, por volta das 6h30, passageiros de duas composições do mesmo ramal precisaram mudar de trem. A concessionária afirmou que a baldeação foi realizada por causa de uma vistoria de rotina.
A Agetransp, agência que regula o transporte ferroviário e metroviário, instaurou dois processos para apurar os motivos dos incidentes no metrô. Sobre o trem, o órgão não informou se vai investigar a causa do problema nem se vai lavrar multa.
Corrida por ônibus e táxi
Com estações superlotadas, atrasos e sem informações sobre o que estava acontecendo, muitos usuários do metrô desistiram de usar o transporte público. Na estação de Botafogo, passageiros disputavam táxis. Na estação Central do Brasil, ônibus saíram lotados para as Zonas Norte e Sul.
“Fiquei mais de 40 minutos na Estação Botafogo. Acabei resolvendo pegar um táxi, mas todos estavam com passageiros . Decidi pegar ônibus, mas as filas estavam enormes. A solução foi ir de carro para o Centro”, diz a jornalista Mariana Ferreira, 31.
O fisioterapeuta Sandro Costa, 35, também não conseguiu pegar o metrô. “Esperei por mais de meia hora na Central. Nem os seguranças sabiam dizer o que estava acontecendo. Resolvi pegar um ônibus. Resultado: paguei duas passagens”, diz ele, que não pegou a dinheiro gasto no metrô.
O vereador Paulo Pinheiro quis evitar trânsito caótico no Centro, mas se deu mal: optou pelo metrô. “Esperei por 25 minutos em Botafogo. Ninguém dava informação. Saí e peguei um táxi”, contou.
Quem circulou nesta segunda-feira pelo Centro do Rio sofreu com congestionamentos que deixaram tudo parado até a ponte Rio-Niterói e a Avenida Brasil. Muitos passageiros de ônibus ficaram cansados de esperar e resolveram terminar o trajeto a pé na Avenida Perimetral. Alguns motoristas abriram as portas do carro e ficaram do lado de fora.
O principal motivo da complicação no trânsito foi a interdição de um dos trechos da Rua Primeiro de Março, por causa da obra da rampa de acesso ao Túnel da Avenida Binário, que vai viabilizar a demolição da Perimetral. A Avenida Rio Branco passou a ter trechos em mão dupla.
A confusão no trânsito foi agravada por causa da volta do feriadão e das faixas azuis pintadas no asfalto da Avenida Presidente Vargas devido ao corredor exclusivo de ônibus BRS — ainda sem data para começar. Achando que o sistema já estava em operação, motoristas evitaram dirigir na área delimitada pelas faixas. Taxistas não sabiam onde parar. A Secretaria Municipal de Transportes informou que por enquanto nada muda no tráfego da Presidente Vargas e que ainda não foi definido como será a parada dos táxis ali.
A CET-Rio admitiu o nó no trânsito e reforçará a região com mais 10 agentes de trânsito — serão 40 no total — e fiscalização noturna, para evitar episódios como o de ontem, quando um caminhão bloqueou acesso à R. Candelária.
“O que ocorreu foi uma coisa atípica. Foi um somatório de pequenos problemas que gerou reflexo na cidade”, disse o diretor de operações da CET-Rio, Joaquim Diniz que atribuiu o caos também a dois comboios do Banco Central e manifestação contra problemas no IPVA, na Rua Visconde de Rio Branco. O nó foi um dos temas mais comentados no Twitter no Rio.
Pico de luz prejudica aeroporto
Um pico de luz com duração de 31 minutos, entre 18h45 e 19h16 desta segunda-feira, prejudicou o embarque e o desembarque de passageiros, no Aeroporto Santos Dumont, Centro do Rio. O incidente afetou também as esteiras que carregam as malas.
De acordo com a assessoria do Santos Dumont, o problema não afetou a rotina do terminal porque os geradores entraram em funcionamento. Os passageiros entraram e saíram dos aviões pela pista, levados por um ônibus, mas alguns ficaram irritados com a demora.
A Light explicou que não houve alteração no fornecimento de energia da subestação que abastece o aeroporto. Segundo a companhia, um problema interno pode ter provocado o pico de energia.
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Pico de energia afetam trens e metrô.
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