29/10/2009 - Diário do Nordeste
O presidente da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), Rômulo Fortes, afirmou ontem que as obras de construção da Linha Sul no Metrô de Fortaleza vão continuar e serão entregues dentro do prazo (julho de 2011), apesar de o Tribunal de Contas da União (TCU) ter determinado a retenção de R$ 65 milhões por suspeita de sobrepreço.
Segundo Fortes, em reunião realizada na última terça-feira com representantes do consórcio construtor (Queiroz Galvão/Camargo Correia), ficou estabelecido que as determinações do TCU serão desconsideradas e a obra tocada. "Os diretores do consórcio receberam ordens dos acionistas das empresas para finalizar a obra no prazo. Depois eles vão buscar na Justiça tudo aquilo que acreditam ter direito. O embate deles com o TCU será resolvido em via judicial, em outro fórum, outra instância. Fiquei satisfeito em ouvir isso, porque evitará um novo embate que decorreria de uma nova paralisação".
O consórcio confirmou, através da sua assessoria de imprensa, a intenção de terminar a obra no prazo, mas não quis comentar as questões sobre as determinações do TCU.
Avanços
Segundo o presidente do Metrofor, atualmente a Linha Sul tem cerca de 56% das obras concluídas. "As estações mais avançadas são as subterrâneas, exceto José de Alencar (antiga Lagoinha) e Central Xico da Silva (novo nome da João Felipe). Todas as estações estão com obras em andamento e ritmo acelerado e as de superfície, por serem mais simples, conseguem avançar mais rapidamente".
Mesmo sem o repasse da verba para a construtora, foi concluída a fabricação de todas as lamelas (paredes pré-moldadas dos trechos subterrâneo) e todos os contratos para o acabamento de todas as estações foram feitos. "Além disso, as coberturas metálicas de todas as estações já foram contratadas e a construção do edifício sede foi iniciado há 15 dias", complementou Rômulo Fortes.
Desde o dia 1º deste mês, as escavações da Estação São Benedito em direção à Central Xico da Silva acontecem em frente de trabalho 24 horas. O avanço nas escavações é de dois metros por dia, podendo chegar a quatro, quando outra frente escavar no sentido oposto.
Na última semana, nos trechos que ligam cada uma das 20 estações do Metrô, serviços diversos foram realizados, desde os mais estruturais, como arrastamento de estacas de concreto, escavação e rebaixamento de lençol freático até o início de acabamento, como chapisco, reboco e instalação de dutos de eletricidade e interruptores.
Atualmente, cerca de 900 funcionários do consórcio trabalham nas obras do Metrô de Fortaleza. A previsão do Governo do Estado é de que esse número chegue a 2.300 em fevereiro do próximo ano.
INTERVENÇÕES
Escavações e dutos da Cagece são entraves
Os dois últimos trechos subterrâneos para chegar às estações José de Alencar e Xico da Silva, interferências da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), novos indicadores de segurança e os problemas com as auditorias do Tribunal de Contas da União são os principais entraves para o andamento da obra o Metrô de Fortaleza.
De acordo com Rômulo Fortes, presidente do Metrofor, a segunda frente de trabalho 24 horas para escavar por baixo da Avenida Tristão Gonçalves atrasou porque a engenharia de segurança passou a ser muito mais rigorosa nas obras de túnel após o acidente com o Metrô de São Paulo. "Estamos refazendo o shaft (abertura para iniciar as escavações), com novo projeto de escoramento. Achávamos que iniciaríamos a escavação no dia 13 de outubro, mas não foi possível. Concluiremos esses ajustes na primeira quinzena de novembro e daremos andamento à obra", explicou.
Quanto ao problema com uma adutora e um eixo longitudinal da Cagece, ele garantiu que está tratando do assunto junto com o secretário de infraestrutura, Adail Fontenele, e com o secretário das Cidades, Joaquim Cartaxo.
TCU
Sobre o fato de o Tribunal de Contas da União ter negado a redução da retenção de R$ 65 milhões para R$ 6,7 milhões, Fortes disse que a Secretaria de Controle Externo (Secex) do órgão praticamente reconheceu que não há sobrepreço na obra, entretanto, no pleno do Tribunal, em Brasília, o ministro relator achou por bem enviar o processo para a Secretaria de Obras e Patrimônio da União (Secob), que decidiu manter a retenção.
"Dentro do TCU há divergências. Teremos reunião na PGE, (Procuradoria Geral do Estado) sexta-feira, para definir como vamos agir. Mas vamos cumprir a determinação do Tribunal".
Rômulo Fortes alega que foi usada, na auditoria do TCU em 2006, quando foi apontado o sobrepreço, a tabela do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) como referência de Valores. "Ela é usada como referência para casas populares e conjuntos habitacionais. Uma obra metroviária é muito mais complexa", argumentou.
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Metrofor: consórcio desconsidera TCU
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